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Empresas terão de mudar foco para resistirem à crise

A pandemia do covid-19 antecipou tendências e agravou a crise econômica mundial. Suportar essa fase exigirá mudanças, novas prioridades das empresas e nos investimentos. Há 30 anos, o foco era em empresas de alta performance. Mas, para sobreviver aos próximos dez anos, as empresas terão de ser mais robustas, ter mais resistência. É no que acredita o professor Paulo Vicente Alves, doutor em administração. De acordo com ele, o mundo vai entrar no “mantra da resiliência”.

“Sempre explico essa questão de performance e resiliência usando a metáfora do unicórnio. A gente procurou até encontrarmos o unicórnio, mas, agora, chegamos à beira do deserto e descobrimos que o unicórnio não aguenta a travessia. Percebemos que precisamos de um camelo para essa jornada, pois ele aguenta ficar sem água por até três dias”, diz.

Em sua palestra na Expogestão Digital 2020, Alves  abordou o cenário duas formas: ciclos hegemônicos e ciclos tecnológicos e uma projeção futura. De acordo com ele, cada revolução tecnológica gera uma revolução social e cultural que, por sua vez, dá início a uma revolução econômica. Para Alves, nunca haverá certeza sobre o futuro, mas é possível fazer conjecturas. E em sua palestra ele apresentou algumas, apoiadas na Teoria dos Ciclos de Kondratiev. Essa teoria foi criada pelo economista russo Nikolai Kondratiev, durante o período de domínio da União Soviética. Defende que a dinâmica econômica global, a partir da Primeira Revolução Industrial, é constituída de ciclos, onde fases de expansão econômica são seguidas de fases recessivas. “Acabamos de entrar na crise do final do ciclo tecnológico. Todo ciclo termina com uma grande crise, que força a reinvenção do capitalismo. Nosso tempo é o quinto do ciclo. Vivemos a fase de recuperação, entre 1980 e 1992; da expansão, entre 1992 e 2005; e do esgotamento, de 2005 a 2018; Agora, é o tempo da crise”, diz.

Os indícios do início da fase de crise começaram em 2015, com a saída de refugiados da África e do Oriente Médio rumo à Europa, marcando transição de bandeiras nacionalistas e xenofobia. Esse mesmo movimento ocorreu em outras partes do mundo ao longo dos anos. Em 2018, ano da transição, por exemplo, os Estados Unidos começaram uma guerra comercial contra a China, marcando um período de maior protecionismo. “E é nesse contexto que a gente entra no auge da crise. E, já impactados, fomos atingidos pelo evento da covid-19”, ressalta.

Alves destaca que a pandemia causou um desequilíbrio ainda maior no sistema, forçando a mudanças mais rápidas. “O auge da crise, matematicamente falando, ficará entre 2023 e 2026. Os próximos anos serão turbulentos, difíceis, o que nos forçará a sair para um mantra de de resistência”

Quando isso começa aliviar? Para o especialista, a data de referência é 2024, quando a NASA pretende voltar a pousar na lua, levando uma mulher. O investimento para este projeto, acredita ele, vai criar novas tecnologias, que darão início a um novo ciclo.