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A grande reorganização no mercado de trabalho

Um movimento chamado Grande Reorganização vem acontecendo no mundo do trabalho, segundo o World Economic Forum. Esse movimento levou milhões de pessoas a deixarem seu emprego em busca de funções mais gratificantes e com maior flexibilidade. Para elas o objetivo é obter maior equilíbrio entre vida profissional e pessoal e estar ligada a um local de trabalho mais alinhado com seus valores e propósito de vida.

Enquanto algumas pessoas criaram negócios próprios, outras buscaram empregos mais bem pagos e flexíveis, mudaram de carreira ou trabalham no sistema de bicos (GIG Economy). Esta Reorganização causou um número recorde de vagas em aberto e escassez de pessoal em alguns setores. O World Economic Forum indica que quase 3% da força de trabalho nos EUA deixou seus empregos em outubro de 2021.

Alguns indicativos mostram que este movimento veio para ficar:

•          Segundo o Índice de Tendências de Trabalho de 2021 da Microsoft – pesquisa que abrange mais de 30 mil pessoas de 31 países – mais de dois quintos das pessoas estão pensando em deixar seu empregador no próximo ano, especialmente em busca de flexibilidade e oportunidades de trabalho híbrido.

•          As oportunidades de trabalho remoto no LinkedIn aumentaram em cinco vezes desde os tempos pré-pandemia.

•          Pesquisa da seguradora americana Prudential indica que quase nove em cada 10 pessoas que trabalham remotamente durante a pandemia querem a oportunidade de trabalhar em casa pelo menos um dia por semana no pós-pandemia.

 “As pessoas descobriram que podem ficar no seu local, na sua casa, junto com sua família e ser mais produtivas do que eram na empresa”, resume o Célio Valcanaia, Doutor em Administração e sócio da Expogestão e do Renaissance Executive Forum Brasil. Segundo Célio, esse movimento a favor do home office ganhou impulso porque o mundo vive uma situação de grande oferta de trabalho, pelo menos em algumas áreas.

O isolamento necessário por um tempo despertou o desejo por flexibilidade, mas é preciso haver um rearranjo das forças produtivas para que este cenário no ambiente do trabalho perdure ao longo do tempo. “Todo mundo precisa evoluir para este modelo dar certo. As empresas têm que evoluir seu modelo de gestão, as pessoas, seu modelo de compromisso com o trabalho e a legislação tem que ter flexibilidade para permitir outros tipos de contratação como por exemplo por empreitada”.

Célio Valcanaia, que mediou na Expogestão o painel “Gestão de Pessoas: a continuidade do Home Office”, elogia o posicionamento do presidente da Senior, Carlenio Castelo Branco, que disse que o tempo que as pessoas estão ganhando trabalhando em casa tem que ser traduzido em qualidade de vida. “O executivo declarou com sabedoria que se elas faziam o sacrifício de andar uma hora para chegar ao trabalho, agora podem transformar isso em benefício próprio”.

A solução adotada por outro participante do Painel, o Porto Itapoá, é vista como uma alternativa interessante por Célio. “No Porto Itapoá o home office foi avaliado por função e não por pessoa. Para as funções que podem ser feitas à distância a decisão é do funcionário em trabalhar remoto ou não. Quem optou por este formato tem uma série de regras que devem ser cumpridas para manter a integração e a cultura da empresa”, destaca.

No intuito de trazer novas reflexões sobre o futuro do trabalho, Célio cita o livro Out of Office (Charlie Warzel e Anne Helen Petersen), ainda sem tradução no Brasil. A publicação destaca como o ser humano precisa de relacionamentos e afirma que nos últimos 200 anos eles deixaram de acontecer com membros da comunidade para se concentrar no ambiente das empresas, com colegas de trabalho. “A oportunidade agora é para as pessoas reduzirem relações no trabalho e voltarem a ter relações na comunidade”. Célio destaca também que as organizações precisam ficar atentas para reter seus trabalhadores. “muitas empresas focam em melhorar nos pontos que fazem os funcionários saírem. Talvez agora seja a hora de focar naquilo que os fazem ficar”, conclui