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11/06/2025

FERNANDO ULRICH – O grande reset econômico global

O economista Fernando Ulrich apresentou uma palestra sobre macroeconomia durante a ExpoGestão. Empresário, autor e conselheiro do Instituto Mises Brasil, além de produtor de conteúdo digital sobre economia, finanças e tecnologia, Ulrich defendeu a ideia de que o mundo opera sob um sistema de endividamento crescente, alimentado por juros baixos e emissão constante de moeda. Segundo ele, esse ciclo é insustentável no longo prazo e pode exigir uma “reinicialização” — uma ruptura do sistema atual que abriria espaço para um modelo mais estável.

Esse chamado reset econômico global envolveria uma profunda reconfiguração do sistema monetário e financeiro internacional, motivada por desequilíbrios econômicos, excesso de dívida e políticas monetárias expansionistas.

Ulrich afirmou que a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos acelerou esse processo. “Trump demoniza o déficit comercial há muitos anos. Antes o vilão era o Japão. Agora é a China”, disse. Para o economista, no entanto, o déficit norte-americano é sintoma de um desequilíbrio histórico.

Durante sua fala, ele resgatou a origem do atual sistema monetário internacional, iniciado em 1944, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Com países devastados, economias fragilizadas e moedas desvalorizadas, representantes de 44 nações, lideradas pelos Estados Unidos, reuniram-se em Bretton Woods, nos EUA, para restaurar a ordem econômica global. Após intensas negociações, foi firmado o Acordo de Bretton Woods, que estabeleceu o dólar como moeda de referência internacional, lastreado em ouro a uma taxa fixa de US$ 35 por onça troy. As demais moedas seriam atreladas ao dólar por meio de taxas de câmbio fixas.

Esse arranjo trouxe estabilidade, mas também conferiu aos Estados Unidos um “privilégio exorbitante”, segundo Ulrich. Ao longo do tempo, esse modelo levou ao acúmulo de déficits fiscais crescentes e considerados insustentáveis. O sistema chegou ao fim em 1971, quando o então presidente Richard Nixon suspendeu a conversibilidade do dólar em ouro — episódio conhecido como Nixon Shock. A medida marcou o fim do padrão dólar-ouro e inaugurou a era dos câmbios flutuantes, em que as moedas passaram a ter seus valores determinados pelo mercado.

Apesar de a nova fase ter impulsionado a economia global, a demanda pelo dólar permaneceu alta, perpetuando desequilíbrios. Na década de 1980, o déficit comercial dos EUA se agravou anualmente. “Os Estados Unidos consomem mais do que exportam. E os demais países continuam investindo na economia americana por causa da estabilidade do dólar”, afirmou.

Com o tempo, os EUA enfrentaram um processo de desindustrialização, queda de empregos e redução do valor agregado da indústria. Para Ulrich, as causas desse desequilíbrio incluem o uso do dólar como moeda de reserva global e o uso de tarifas comerciais como barreiras.

Ele também destacou o papel da China nesse cenário, sobretudo a partir de 1994, quando o país adotou uma política de desvalorização cambial para aumentar sua competitividade. “Ao desvalorizar sua moeda, a China fortaleceu sua indústria, atraiu investimentos e adotou um rígido controle sobre a entrada e saída de capital”, explicou.

Como resultado, a China acumulou reservas internacionais expressivas: de US$ 300 milhões em 1980 para US$ 4 trilhões em 2010. Outro ponto abordado por Ulrich foi a dívida dos Estados Unidos, que soma US$ 26 trilhões.

Atualmente, os EUA buscam manter o dólar como moeda de reserva e, ao mesmo tempo, corrigir os desequilíbrios causados por esse sistema por meio de tarifas comerciais. Contudo, segundo o economista, isso só seria possível com acordos internacionais — o que, no momento, parece inviável sem a participação da China. “Qualquer acordo que não inclua a China é inócuo”, disse.De forma geral, Ulrich defende que o caminho mais viável seria a desvalorização do dólar, mesmo com seu status hegemônico, e o equilíbrio nas tarifas comerciais. Ele também vê o ouro e o Bitcoin como reservas de valor legítimas num possível cenário de colapso do atual sistema monetário. Para ele, ambas as formas de “dinheiro duro” poderiam desempenhar um papel central em um novo modelo após o reset.

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