O presidente da KPMG para o Brasil e América do Sul, Charles Krieck, destacou, na Jornada de Conhecimento ExpoGestão, o impacto da inteligência artificial (IA), as mudanças no mundo do trabalho e a importância da liderança ética e sustentável no ambiente corporativo.
Com uma plateia formada por executivos e empresários, Krieck apresentou insights da pesquisa global CEO Outlook e compartilhou a visão da KPMG sobre os rumos da economia e da gestão nos próximos anos. Sua palestra aconteceu no final do mês de outubro, em Itajaí (SC).
Ao abrir sua apresentação, o executivo comentou sobre a trajetória de 110 anos da KPMG no Brasil, consolidando-se como uma das maiores organizações de auditoria e consultoria do país, com 5 mil profissionais distribuídos em 23 escritórios. Segundo ele, esse legado é sustentado pela capacidade de adaptação e pelo olhar constante para o futuro. “Vivemos um momento em que tecnologia, talentos e governança caminham juntos. O desafio das lideranças é equilibrar inovação e propósito em um cenário em permanente transformação”, afirmou.
Entre os dados apresentados, ele ressaltou o fato de que 71% dos CEOs globais consideram a inteligência artificial a prioridade máxima de investimento, conforme aponta o CEO Outlook 2025, pesquisa realizada pela KPMG em 11 países. Krieck observou que o entusiasmo com a IA vem acompanhado de preocupações éticas, estruturais e humanas: “Mais da metade dos executivos entrevistados teme a falta de regulação e de preparo das equipes para lidar com essa tecnologia. Implementar IA não é apertar um botão é repensar processos, dados e decisões”.
Durante a palestra, o presidente da KPMG compartilhou casos práticos de transformação tecnológica dentro da própria organização. A empresa investe atualmente US$ 1,2 bilhão por ano no desenvolvimento de agentes autônomos e soluções baseadas em IA, que já resultaram em ganhos expressivos de eficiência. “Em auditoria, passamos de um trabalho amostral para análises integrais em segundos. Isso nos permitiu aumentar a margem bruta de 60% para 69%. Mas a mesma tecnologia que gera vantagem também pode ser ameaça, já perdemos contratos para concorrentes que automatizaram processos antes de nós”, relatou.
Krieck também abordou o impacto da IA sobre gestão de pessoas e o futuro do trabalho. Segundo ele, a pandemia acelerou a transição para modelos híbridos e aumentou a necessidade de capacitação digital. A KPMG, que contrata cerca de mil profissionais por ano, implementou a ferramenta MindGrid, que avalia o nível de preparo e potencial de aprendizado de seus colaboradores. “As pessoas que conhecem inteligência artificial substituirão as que não conhecem. O papel da liderança é desenvolver, motivar e dar autonomia com responsabilidade”, destacou.
Outro tema de grande relevância abordado foi a reforma tributária brasileira, classificada por Krieck como um divisor de águas para as empresas. Ele alertou que o novo sistema de tributos sobre consumo exigirá mudanças profundas na logística, precificação e tecnologia das organizações. “O cálculo do imposto será o menor dos desafios. O real impacto estará nas margens e na competitividade. Precisamos olhar o tema de forma estratégica e não apenas contábil”, reforçou.
Encerrando sua fala, o presidente da KPMG enfatizou a importância da sustentabilidade financeira e da agenda ESG como pilares do crescimento no longo prazo. Para ele, diversidade, ética e inclusão não são tendências, mas elementos essenciais para gerar valor e credibilidade. “O futuro das empresas passa pela integração entre tecnologia e responsabilidade. A inteligência artificial não substitui o pensamento humano — ela amplia nossas possibilidades. Cabe aos líderes garantir que a inovação sirva às pessoas e fortaleça a confiança nas organizações”, concluiu.