Quais as oportunidades e as ameaças no caminho da neoindustrialização?
O título deste texto é uma afirmação, corroborada por dois executivos que entendem de indústria: Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp e da Frasle, e Otávio Rodacoswiski, diretor geral da BMW Araquari. Eles foram os participantes do painel “O futuro da indústria”, no segundo dia da ExpoGestão 2024. Em suas palestras, os executivos abordaram questões: como as empresas estão fazendo a transformação digital, a transição energética e os investimentos em inovação e P&D? Qual o impacto da Inteligência Artificial e das tecnologias disruptivas? Como a indústria pode se preparar para a neoindustrialização?
Para Sérgio Carvalho, “mesmo que venham ocorrendo desde o princípio dos tempos, nunca tantas transformações se deram simultaneamente, como agora, e com tanto impacto. Isso também exige que sejamos rápidos na adaptação às mudanças”.
As principais características dessas transformações são as novas tecnologias e a rapidez com que são descobertas e implantadas; novos players no mercado (“Só na China, por exemplo, há mais de duzentos fabricantes de veículos elétricos”); grandes incertezas geopolíticas; a consolidação da China como potência tecnológica e econômica; hábitos de consumo mudando rapidamente; cuidados com o planeta; novas gerações assumindo o controle; a hiperconectividade; a necessidade de segurança cibernética e a aceleração do uso de Inteligência Artificial.
Para vencer nesse ambiente de transformação, Carvalho elenca alguns ingredientes: “Ter capacidade financeira, investir em inovação e tecnologia, trabalhar com mais cooperação, ter agilidade e adaptabilidade”. O Brasil, garante, está nesse caminho: “O país tem desafios, como insegurança jurídica, falta de plano diretor, infraestrutura deficiente e tributação em excesso. Mas mostra qualidades, entre elas resiliência e experiência contra adversidades. Por isso, podemos concluir que o futuro da indústria brasileira é promissor”.
A produção do futuro
Otávio Rodacoswiski se valeu do exemplo “de casa” para analisar os problemas e o futuro da indústria. “Na BMW temos o programa PROOF – Production of the Future, pelo qual desenvolvemos uma estratégia para o sistema de produção, visando atingir a excelência operacional.”
O sistema é baseado em alguns pilares: pensar e agir como empreendedor; buscar rentabilidade (foco no custo de produção), sustentabilidade (conciliar ambiente e economia), velocidade, flexibilidade e qualidade; ter liderança na produção; focar na resolução de problemas (assumir responsabilidades, conhecer objetivos, solucionar os problemas onde eles acontecem).
O foco na digitalização, ainda que óbvio nos tempos atuais, precisa ser cada vez mais prioritário. “Precisamos – diz o palestrante – continuar desenvolvendo a estratégia de produção para melhorar o desempenho e os resultados. O pensamento disruptivo é crucial para atingir as metas.”
E conclui: “A indústria tem futuro, sim, mas isso depende de alinharmos atividades estratégicas e operacionais com visão de futuro e de assumirmos responsabilidades como empreendedores da indústria”.