O professor da FDC e conselheiro da Embrapa Instrumentação, da Fundepar e da Fundação Biominas Carlos Arruda apresentou, na ExpoGestão 2022, números que revelam como está o Brasil no ranking da competitividade mundial. Como coordenador, no Brasil, dos estudos do World Competitiveness Yearbook do IMD e do Global Competitiveness Report do World Economic Forum, Arruda explicou que, desde o final da década de 1990, se dedica a estudos sobre os desafios das empresas brasileiras no mercado global.
As condições de competitividade do Brasil melhoraram, sim, mas ainda tem muito para evoluir. No índice do IMD, por exemplo, o país está em 59º lugar entre os 64 analisados. No ranking do World Economic Forum, o Brasil está um pouco melhor: posição 57 entre os 132 analisados.
O desenvolvimento das nações sempre foi resultado da combinação de três fatores no setor produtivo:
1) elevada oferta e capacitação de mão de obra;
2) abundância de matéria prima; e
3) grande disponibilidade de capital de investimento.
Um quarto pilar vem ganhando cada vez mais relevância nesta equação: a capacidade de inovação nas companhias empresariais e, por consequência, nos seus respectivos países.
Ao apontar os grandes desafios do Brasil neste cenário preocupante, fica claro que o setor público é responsável direto pelos índices mais baixos. Entretanto, a verdadeira mudança passa pelo setor produtivo. “A grande diferença quem faz é o setor empresarial, aliado ao mundo acadêmico e à sociedade organizada”, defendeu o professor. Deu um exemplo prático para ilustrar. O Brasil possui 600 mil vagas de trabalho abertas por falta de profissionais com qualificação. “Isso não é apenas responsabilidade do governo. As empresas também precisam investir na formação técnica e no desenvolvimento profissional”, defendeu Arruda.
Ao analisar o fator inovação, Arruda explicou que o Brasil está bem abaixo da média do ranking. Um dado que comprova isso é que apenas 3,7% das exportações nacionais são de produtos que envolvem tecnologia e com maior valor agregado. O país, inclusive, ocupa apenas a posição 81 quando se avalia a cooperação entre empresas e instituições de ensino. “Mais um ponto em que podemos evoluir. A colaboração entre os setores público, privado e acadêmico pode contribuir para colocar a inovação em outro patamar”, explicou. Afinal, a inovação é fator chave para gerar riquezas e, consequentemente, mais renda e qualidade de vida para a população.
O professor ainda apresentou resultados do ranking do IMD World Digital Competitiveness que mostram o Brasil na posição 51 dos 64 países pesquisados. E, novamente, um dos pontos negativos do país é a formação de talentos. “Aqui aparecemos na posição de número 63, atrás apenas da Venezuela”, revelou. Apesar dos pontos negativos, os números também mostram que o brasileiro é favorável a mudanças e possui uma atitude empreendedora acima da média.
O interesse em computação, estatística, engenharia, matemática, física, química e outras ciências exatas é pouco incentivado no Brasil, o que acaba ocasionando falta de técnicos, pesquisadores e cientistas. Arruda aproveitou para deixar um recado para os pais estimularem seus filhos nessas áreas, o que irá contribuir muito para o desenvolvimento do país nos próximos anos.