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19/11/2025

CEOs e o Brasil de 2026: o que quatro setores estratégicos esperam para o futuro próximo

Quatro CEOs de setores-chave da economia brasileira apresentaram, durante a Jornada de Conhecimento da ExpoGestão, suas projeções e principais preocupações para 2026.

Representantes da construção civil, do varejo têxtil, da indústria de papel e do sistema financeiro dividiram o mesmo palco para analisar tendências, riscos e oportunidades de um país que ainda enfrenta ciclos de instabilidade, mas preserva forte potencial de consumo e capacidade de atração populacional, especialmente na região Sul.

Mediado pelo diretor comercial do Grupo Orbenk, Ricardo Wasen, o painel enriqueceu o debate com reflexões sobre estratégia empresarial e processos de tomada de decisão.

Construção civil: a virada do ciclo

Marconi Bartholi, CEO do Grupo Estrutura, abriu a sessão apontando o alto grau de sensibilidade do mercado imobiliário à política monetária. A escalada dos juros nos últimos anos, segundo ele, “retirou do jogo” uma parcela significativa das famílias brasileiras, empurrando o setor para uma dependência maior dos extremos: de um lado, o público subsidiado; de outro, os compradores de alta renda.

De outro lado, ele também enxerga uma oportunidade de reconfiguração. Dois movimentos ganham força:

  • o multifamily, impulsionado pela dificuldade de compra da classe média;
  • os empreendimentos de short stay, que emergem justamente no vácuo deixado pela estagnação da hotelaria tradicional.

Santa Catarina, protagonista nesse cenário, vive um ciclo migratório sem precedentes. “O estado superou São Paulo em fluxo de entrada. Isso diz muito sobre atração de talentos e qualidade de vida”, afirmou. Para o CEO, a retomada do crédito a juros de dois dígitos deve aquecer novamente o setor, mas com impacto direto nos preços. A recomendação do executivo é clara: “Os grandes fundos investem na crise. O momento de investir é agora.”

Sistema financeiro: juros persistentemente altos e confiança frágil

Nilton Weber, diretor-executivo na Sicredi Norte de Santa Catarina, apresentou um panorama direto e pragmático do setor financeiro. Apesar da tendência de acomodação dos juros entre 12% e 12,5%, Weber lembrou que o Brasil ainda opera com uma das taxas reais mais altas do planeta, e que isso tem implicações profundas no crédito, no investimento e no risco percebido.

Entre os pontos críticos, destacou:

  • recuperação de crédito de apenas 18%, metade da média global;
  • inadimplência crescente, tanto no agronegócio quanto nas famílias;
  • baixa poupança doméstica, que restringe a capacidade de investimento.

Weber também chamou atenção para o cenário internacional, especialmente a desaceleração chinesa e a volatilidade dos Estados Unidos. “Não dá para fazer conta no Word, tem que fazer no Excel”, provocou, reforçando a necessidade de disciplina financeira em 2026.

Varejo têxtil: quando o ‘paladar’ do consumidor dita o ritmo da indústria

Rafael Buddemeyer, CEO da Buddemeyer, apresentou uma leitura equilibrada do cenário. A indústria têxtil vive o paradoxo da retomada gradual do consumo combinada a uma forte restrição de mão de obra, fenômeno que já preocupa o setor produtivo nacional.

A antecipação de 2026 acende alertas: ano eleitoral, Copa do Mundo e feriados prolongados devem afetar o varejo, especialmente para produtos de casa. Ainda assim, Buddemeyer cita elementos que sustentam uma visão otimista: a redução dos juros, a atualização da tabela do Imposto de Renda e, sobretudo, a mudança comportamental iniciada no pós-pandemia.

“Paladar não retrocede. Quem conhece qualidade dificilmente volta atrás”, pontua o executivo.
Ele aposta que a busca por itens premium seguirá consistente, movida por uma geração mais exigente e por consumidores que incorporaram novos padrões de conforto ao lar.

Papel: um termômetro da economia que poucos observam

A fala de Luciano de Lis Barbosa, diretor-geral da IPEL, chamou atenção pela sua abordagem: o consumo de papel higiênico como indicador econômico. Para ele, inflação e juros altos empurraram o brasileiro para produtos de menor qualidade, fazendo a folha simples recuperar espaço no mercado — hoje com 30% de participação.

A discrepância regional impressiona: enquanto o Sul consome, em média, 12 quilos por pessoa ao ano, o Nordeste registra apenas 3. “O Brasil está travado em 6,5 quilos há cinco anos. Isso fala sobre renda, saneamento e acesso básico”, afirmou.

Barbosa também abordou a pressão competitiva gerada por empresas integradas, que produzem celulose e papel internamente, reduzindo custos em até 35%. Como resposta, a IPEL ajusta sua estratégia para priorizar médios e pequenos clientes, redesenhando operações comerciais e logísticas.

Infraestrutura e oportunidades

O painel com os CEOs revelou um Brasil que convive com gargalos estruturais, mas também com setores resilientes e oportunidades emergentes. Se há consenso entre os CEOs, ele está na importância da adaptação rápida, da gestão baseada em dados e da capacidade de transformar crise em estratégia.

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