
A nova política de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, e descontos para salários de até R$ 7.350 a partir de 2026, pode dar um impulso imediato ao consumo e ao crescimento da economia.
Esta avaliação é da consultoria M4 Intelligence, que analisou os efeitos diretos e indiretos da medida sancionada nesta terça-feira pelo presidente Lula.
De acordo com o estudo, a mudança tributária deve injetar cerca de R$ 40 bilhões por ano na renda disponível dos trabalhadores que terão o imposto reduzido ou zerado. Como esse grupo tem maior propensão ao consumo, o resultado esperado é um aumento direto dos gastos das famílias já no ano que ve, efeito ampliado pelo fato de a compensação fiscal recair sobre contribuintes de alta renda, que tendem a poupar mais.
Nas simulações realizadas, se 100% desse ganho extra for direcionado ao consumo, o Produto Interno Bruto (PIB) pode crescer 0,2 ponto porcentual adicional em 2026. Por outro lado, o movimento deve pressionar a inflação, com impacto estimado de 0,3 ponto em 2026 e 0,6 ponto em 2027, além de elevar a taxa básica de juros em até 0,9 ponto no final de 2026. O emprego também sentiria o reflexo: a taxa de desemprego poderia cair 0,2 ponto em 2026.
Caso parte do benefício seja usado para quitar dívidas, hipótese em que 80% iria para consumo, os impactos positivos e negativos diminuem. Ainda assim, a M4 projeta alta de 0,2 ponto na inflação de 2026 e queda equivalente do desemprego, enquanto o PIB repetiria o ganho de 0,2 ponto no próximo ano.
Para a consultoria, chama atenção que a pressão inflacionária é maior em 2027 do que em 2026. A explicação está no ciclo econômico: mais consumo gera mais produção e emprego, o que tende a elevar salários e custos, realimentando a inflação. Além disso, expectativas e reações dos agentes econômicos podem ampliar o movimento.
A M4 Intelligence ressalta que o desfecho final dependerá das políticas fiscal e monetária. Se o governo não conseguir compensar rapidamente a perda de arrecadação, haverá estímulo extra à economia, e maior risco inflacionário. Já o Banco Central terá papel decisivo: sem uma atuação firme para ancorar expectativas, o choque positivo no consumo pode se transformar em um desafio mais persistente para a inflação e os juros.
Fonte: Infomoney