
Pesquisas da Universidade da Califórnia, conduzidas pela professora Gloria Mark, monitoraram o uso real de computadores e celulares. Os resultados revelam uma transformação radical no comportamento digital dos internautas.
No ano de 2004, as pessoas conseguiam manter o foco em uma mesma tela ou janela por cerca de dois minutos e meio. A partir de 2016, essa média caiu para apenas 47 segundos, com uma mediana próxima de 40 segundos. Não há dados mais recentes, mas basta observar o comportamento atual para intuir que esses números diminuíram ainda mais.
As interrupções, muitas vezes vistas como pausas inofensivas, têm um custo alto. Pesquisas da Universidade da Califórnia em parceria com a Microsoft indicam que, ao sermos interrompidos, leva-se em média 23 minutos e 15 segundos para retomar a tarefa original.
Nesse intervalo, é comum mergulhar em um labirinto de microtarefas: responder mensagens, checar e-mails, consultar a previsão do tempo, até lembrar o que estava fazendo. Em mais de um quarto dos casos, a retomada leva duas horas ou simplesmente nunca acontece.
Grande desafio para marcas e lideranças
Do ponto de vista estratégico, comunicar tornou-se uma missão complexa. Como transmitir uma ideia relevante em meio à poluição informacional, disputando atenção com memes, breaking news e vídeos virais?
Hoje, não basta mais apenas “chamar atenção”. A atenção virou commodity. O diferencial está em gerar conexão: fazer com que o público sinta que aquela mensagem lhe pertence, que ela toca sua vida. Sem conexão, não há reputação que resista.
Impactos sociais e educacionais
A queda abrupta na capacidade de atenção tem reflexos diretos no cotidiano. Nas escolas, alunos expostos a maratonas de vídeos curtos apresentam menor foco e desempenho inferior. Nas relações sociais, as conversas tornaram-se fragmentadas, ou seja, todos com os olhos no celular, divididos entre o mundo real e as notificações na tela.
A atenção tornou-se um bem escasso e, como toda escassez, gera impacto cultural. Não se trata apenas de “falta de disciplina”, mas de uma economia inteira baseada na disputa por segundos do nosso olhar.
Pontos-chave para a comunicação atual:
– Clareza imediata: mensagens que revelem seu propósito já nos primeiros segundos.
Narrativa curta, mas com profundidade: o formato pode ser breve, mas precisa carregar significado.
Humanidade acima do algoritmo: não adianta vencer o feed se você perde a confiança do público.
E o futuro?
Se o passado recente já nos roubou minutos e nos entregou segundos, o futuro tende a comprimir ainda mais nossa atenção. A cada nova tecnologia, a concorrência pelo olhar humano se intensifica.
O grande desafio de líderes, empresas e instituições será aprender a se comunicar com mentes que operam em pílulas, sem abrir mão da profundidade que constrói vínculos duradouros.
No fim das contas, talvez a pergunta não seja mais “como prender atenção?”, mas sim: como criar conexões verdadeiras em meio ao turbilhão?
A resposta está na conexão, a única notificação que ninguém silencia.
FONTE: Portal Acontecendo Aqui