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15/08/2025

Empresa brasileira deixará de usar dólar em negociações com a China; indústrias de SC também sentem o impacto das medidas do Tarifaço

A Chilli Beans, líder do mercado de óculos escuros no Brasil e na América Latina, anunciou que deixará de utilizar o dólar americano nas transações com fornecedores chineses e passará a adotar o renminbi, moeda oficial do país asiático. A decisão foi divulgada pelo fundador e CEO, Caito Maia, no podcast “De Frente com CEO”, da revista Exame.

Segundo ele, a mudança já resultou em ganhos significativos para a empresa, especialmente no câmbio. Caito Maia afirma que a mudança não é pontual. “De forma alguma é uma estratégia pontual. Queremos continuar mantendo esta prática. A ideia é que o uso do dólar não volte nunca mais. Esta é uma relação comercial extremamente ganha-ganha, saudável, ética e bacana com o país”, complementa o gestor.

Municípios de SC estão entre os 10 mais afetados do Brasil pela tarifa de 50% sobre exportações aos EUA

O tarifaço de 50% imposto pelo governo americano sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos já acende o alerta vermelho em Joinville e Jaraguá do Sul. Dias após a medida entrar em vigor, levantamento do Estadão, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), aponta que as duas cidades estão entre as dez mais afetadas do Brasil, ou seja, Jaraguá em 6º lugar e Joinville em 9º.

Em Jaraguá do Sul, o secretário Municipal da Fazenda, Tiago Przywitowiski, alerta que a nova tarifa ameaça não só o faturamento das empresas, mas também a manutenção de empregos. “Empresas podem reduzir quadros, e isso terá efeito cascata sobre prestadores de serviços e fornecedores locais, ampliando os prejuízos na economia como um todo”, afirma.

Joinville, por sua vez, destinou 20% de suas exportações ao mercado norte-americano no ano passado, com destaque para componentes automotivos, blocos de motores e compressores. Esses produtos agora enfrentam um acréscimo significativo de custos para entrar nos EUA, o que pode reduzir competitividade e derrubar encomendas.

O secretário da Fazenda de Joinville, Fernando Bade, já levou pleitos a Brasília, reivindicando a inclusão de veículos e peças de linha média e pesada na lista de exceções tarifárias, hoje restrita à linha leve. “Realizamos um estudo de como as medidas poderiam impactar nossa cidade e fizemos contato com as principais empresas exportadoras para entender com mais detalhes os efeitos destas medidas. A partir disso, estamos levando nossos pleitos para buscar que as negociações em busca de redução das taxas possam ser alteradas ou que ações compensatórias sejam adotadas pelo Governo Federal, garantindo a manutenção ao máximo a geração de emprego e renda na cidade”, afirma o secretário.

A mobilização política e empresarial nas duas cidades é intensa. Joinville também pede medidas compensatórias urgentes, como a desoneração imediata da folha de pagamento para setores exportadores, retomada do programa Reintegra e criação de linhas de crédito subsidiadas para manter a presença no mercado norte-americano. Jaraguá do Sul, além de lidar com o tarifaço, enfrenta mudanças estruturais com a futura implementação do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), que redistribuirá receitas com base no consumo e não mais na produção. Para um município altamente industrial e com população relativamente pequena, isso pode representar perda expressiva de arrecadação.

O cenário estadual também preocupa. A Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) estima que o tarifaço cause uma queda de 0,3% no PIB catarinense em até dois anos, afetando fortemente setores de madeira, móveis, máquinas e motores, atividades concentradas no Norte e Nordeste do Estado, com peso significativo de Joinville e Jaraguá do Sul. A expectativa negativa já começa a reduzir pedidos e embarques, e alguns negócios operando com foco quase exclusivo nos EUA enfrentam cancelamentos.

Pablo Felipe Bittencourt, economista-chefe da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), explica que os efeitos da medida já estão sendo sentidos no Estado, com diminuição dos pedidos e redução dos embarques por conta da expectativa negativa em relação à aplicação das tarifas. Ao longo dos próximos anos, a Fiesc prevê uma queda no PIB de Santa Catarina. “Para o Estado, a estimativa que se tem é de uma perda de PIB em torno de 0,3% para o espaço de um ano e meio a dois anos, então é um impacto pronunciado numa economia que cresce mais ou menos 3,5%, 4% ao ano”, pontua Pablo.

As consequências começam a aparecer mais rápido do que o esperado: algumas empresas já anunciaram férias coletivas e cortes no quadro de funcionários. Caso a medida norte-americana não seja revista ou compensada, especialistas alertam que o impacto pode se espalhar por toda a cadeia produtiva, atingindo desde grandes fabricantes até pequenos prestadores de serviços. Para Joinville e Jaraguá do Sul, o tarifaço não é apenas um desafio momentâneo, mas um risco concreto de retração econômica com efeitos de longo prazo.

Em perspectiva internacional, a medida de Trump é parte de uma estratégia mais ampla de protecionismo que já afeta países como México e Canadá em outros setores, mas que atinge o Brasil com especial dureza em bens industriais e agroindustriais. No caso catarinense, a dependência de mercados externos de alto valor agregado torna cidades como Joinville e Jaraguá do Sul mais vulneráveis.

Sem negociações rápidas ou compensações internas, o Estado corre o risco de ver sua balança comercial encolher e seu parque industrial perder espaço para concorrentes de países que mantêm acordos comerciais mais favoráveis com os EUA.

FONTE: Portal Uol e Portal NSC Total – Agosto/2025

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