
Uma nova edição do Panorama do Bem-Estar Corporativo, divulgada pela plataforma de bem-estar Wellhub, revelou um cenário preocupante: 86% dos profissionais brasileiros afirmam ter experimentado sintomas de burnout no último ano.
Globalmente, o índice é ainda maior, chegando a 90%. Entre os entrevistados, 39% relatam sentir esses sinais de esgotamento pelo menos uma vez por semana, o que indica um quadro de tensão contínua e não apenas episódios isolados de sobrecarga.
Os dados mostram que o limite entre produtividade e exaustão está cada vez mais indefinido, em grande parte devido à hiperconexão tecnológica e à cultura corporativa que valoriza a disponibilidade constante. “A linha que separava trabalho e vida pessoal foi borrada. A força de trabalho aprendeu a funcionar no limite, e agora o preço está sendo cobrado”, alerta Ricardo Guerra, líder da Wellhub no Brasil. Os sintomas mais comuns incluem fadiga persistente, irritabilidade, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e sensação de sobrecarga mesmo em momentos de descanso.
Apesar do quadro alarmante, Guerra vê um aspecto positivo: a maior conscientização sobre saúde mental. Segundo ele, temas antes considerados tabus passaram a ser reconhecidos e discutidos abertamente nas empresas. O estudo indica que 94% dos brasileiros acreditam que priorizar o bem-estar melhora o desempenho profissional, enquanto 96% afirmam que atividades físicas e espaços de bem-estar contribuem para reduzir o estresse no trabalho. “Cuidar da saúde emocional deixou de ser um luxo, é uma condição para sustentar performance e inovação no longo prazo”, destaca.
O relatório também aponta um descompasso entre discurso e prática: apenas 22% dos profissionais brasileiros acreditam que o bem-estar está realmente enraizado na cultura das empresas onde trabalham. Segundo Guerra, muitos programas corporativos ainda falham por falta de personalização, diversidade de opções e engajamento da liderança. “O grande desafio não é oferecer o benefício, é fazer as pessoas viverem o bem-estar. Quando os gestores não dão o exemplo, a cultura não muda”, afirma. Empresas com líderes altamente engajados, segundo dados do estudo “O ROI do Bem-Estar”, atingem até 80% de adesão aos programas, contra 44% nas organizações com baixa participação da liderança.
Para o executivo, o bem-estar corporativo se tornou um indicador estratégico de produtividade e engajamento. “As empresas que conseguirem criar ambientes psicologicamente seguros, flexíveis e com recursos reais de apoio ao bem-estar sairão na frente. O cuidado deixou de ser um benefício e passou a ser uma métrica de performance. Hoje, cuidar das pessoas é o que diferencia as empresas que vão prosperar das que vão apenas sobreviver”, conclui Guerra.
FONTE: VALOR ECONÔMICO
 
         
        