Especialista projeta desdobramentos da geopolítica atual
“Nova guerra fria e o cenário geopolítico” foi o tema abordado por Paulo Vicente, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral no seminário para executivos promovido durante a ExpoGestão 2024. Na abertura da sua palestra Vicente disse que, infelizmente, a Guerra Fria voltou depois de 30 anos, o que ele chama de uma longa trégua. “Rússia e China fizeram um acordo no dia 4 de fevereiro de 2022 para fazer uma nova Ordem Mundial mais justa. Como é que duas ditaduras vão fazer uma nova Ordem mundial mais justa?”, questionou.
A partir dessa explanação, nomeando as implicações de países neste contexto, Vicente disse que essa guerra não vai embora tão cedo e ela deve durar pelo menos toda essa década. “E é nesse contexto que a gente vai ter que viver para o bem e para o mal. Tem vantagens e desvantagens nessa história”.
Para explicar o seu ponto de vista, Vicente fez uma analogia da situação dos países e governos com quatro jogos clássicos. Considerando a atual situação, Vicente alertou que poderemos presenciar mudanças muito rápidas nos discursos, dependendo de como se desdobrar essa guerra.
As evidências do orçamento chinês apontam que eles estão se preparando para enfrentar o Ocidente de 2035 para frente. “Mas isso também aponta para o Brasil, um problema grave. Eu tenho dez anos, para me preparar, não depender tanto de exportação para a China, criando um melhor balanceamento do meu portfólio de cliente, diversificando o portfólio de clientes, que é uma coisa básica de fazer a estratégia. E aí também acho que isso não dura muito”, projetou.
O lado bom dessa história, segundo o professor Paulo, é que está se criando um movimento para o Ocidente já que a China ficou cara. “As indústrias já não querem mais se colocar na Ásia, querem fugir para o Ocidente. Esses movimentos são chamados de friendly short, um offshore amigável.”
E aponta: Está se formando uma década ou décadas muito favorável para as Américas.
De acordo com a análise geopolítica de Vicente, o Brasil está numa posição muito vantajosa. “Nós temos um potencial de longo prazo grande. Temos terra para ocupar, a população ainda cresce, temos recursos naturais internos, coisa que China e Índia não têm. China e Índia têm falta de recursos naturais internos e população excessiva. E a Rússia está numa guerra. Você tem terra para ocupar, não tem população e está numa guerra”, pontuou.