O mercado de fintechs na América Latina caminha para uma nova fase. Embora o ritmo das rodadas de investimento deva desacelerar em 2026, as operações de fusões e aquisições (M&As) tendem a avançar com mais intensidade no Brasil e nos demais países da região. A avaliação é da consultoria Zaxo, que enxerga um processo de consolidação iminente no setor, segundo seu sócio fundador, Jefferson Nesello.
A redução da liquidez no mercado de venture capital é o principal motor dessa mudança. Com menos recursos disponíveis para aportes em startups, as empresas passam a recorrer aos M&As como estratégia de crescimento, seja para ampliar bases de clientes, seja para ganhar eficiência. Nesse movimento, bancos tradicionais, seguradoras e grandes corporações estão reforçando seus braços digitais por meio de aquisições, optando por comprar tecnologia já madura em vez de desenvolvê-la internamente.
Outra tendência observada é o avanço de players globais, especialmente americanos e israelenses, interessados em expandir presença na região por meio de compras estratégicas. Exemplos recentes citados pela Zaxo incluem a aquisição da VMtecnologia pela Nayax e a compra da Tecnobank pela Evertec. Para os próximos anos, há expectativa de consolidação em segmentos como pagamentos B2B, crédito para pequenas e médias empresas, soluções de compliance e antifraude, além de plataformas de investimento digital.
No cenário global, projeções indicam que o volume de transações envolvendo fintechs deve crescer entre 10% e 15% em 2026, com América Latina e Sudeste Asiático despontando como regiões de maior destaque. Em 2024, as fintechs da América Latina já haviam atraído US$ 2,76 bilhões em aportes distribuídos em 230 transações, consolidando-se como o principal destino de investimentos na região.
Para 2026, a expectativa da Zaxo é de que o número de negócios suba para entre 260 e 300 transações, movimentando de US$ 3,5 bilhões a US$ 4 bilhões. O tíquete médio também deve aumentar, passando de US$ 12 milhões para uma faixa entre US$ 13 milhões e US$ 15 milhões. Após o reajuste no mercado de venture capital entre 2023 e 2024, as fintechs vêm sendo avaliadas com múltiplos médios entre três e seis vezes sua receita anual recorrente (ARR), sinalizando um ambiente mais racional, porém com espaço relevante para consolidações.
FONTE: Estadão