
Uma nova pesquisa ouviu 25 gestoras multimercado e revela um mercado dividido entre cautela no curtíssimo prazo e confiança renovada no horizonte de 2026. Às vésperas das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, 98% dos entrevistados apostam na manutenção da Selic em 15% pelo Copom, reforçando a mensagem de que o cenário doméstico ainda exige prudência.
O grande motor de otimismo, porém, vem do ambiente internacional. Com a expectativa de que o Federal Reserve anuncie um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos, os gestores brasileiros já começam a reposicionar suas carteiras. A estratégia majoritária é clara: ampliar exposição à Bolsa e intensificar apostas no fechamento da curva de juros, mirando a queda das taxas futuras.
Esse sentimento encontra respaldo no desempenho brilhante da Bolsa brasileira em 2025. O Ibovespa já acumula alta de 53% em dólar no ano, superando tanto mercados emergentes quanto o desempenho global. Ainda assim, trata-se de um “bull market silencioso”: o dinheiro que impulsiona o salto vem do capital estrangeiro, enquanto investidores locais, pouco confiantes, retiraram quase R$ 53 bilhões de fundos de ações até novembro, recorde histórico de resgates.
O fluxo internacional ganha combustível com a reprecificação global dos juros. O tarifaço no exterior acelerou o afrouxamento monetário nas principais economias, enfraquecendo o dólar e direcionando recursos para países emergentes. Aproveitando essa onda, a fatia de gestores comprados em ações brasileiras dobrou ao longo do ano: de 33% em janeiro para 67% em dezembro.
As teses milionárias do momento também passam pelos juros e pelo câmbio. A aposta na queda da Selic levou a um salto expressivo das posições aplicadas em juros nominais: de 17% para 80% em doze meses. Já no câmbio, o entusiasmo com o real perdeu parte da força, mas a posição vendida no dólar continua dominante, chegando a 67% em dezembro.
No pano de fundo, as expectativas macroeconômicas ajudam a sustentar a transição do pessimismo para um otimismo moderado. A projeção de inflação para 2025 recuou de 5,75% no início do ano para 4,27%, enquanto o PIB teve revisão para cima, passando de 2,06% para 2,16%.
O recado dos gestores é direto: a fase de espera ficou para trás, agora, o mercado aposta com convicção em uma melhora do ciclo econômico brasileiro.
FONTE: Infomoney