
José Koch, cofundador e CEO do Grupo Koch — a maior rede supermercadista de Santa Catarina e a 10ª do país — proferiu uma palestra inspiradora durante a ExpoGestão. Com linguagem simples, Koch contou como ele e os irmãos convenceram os pais, há 40 anos, a vender uma junta de bois para comprar uma Kombi. O veículo foi usado para levar frutas e verduras à feira livre.
Após 14 anos atuando como feirantes, a família conseguiu alugar uma sala. Como o espaço era grande demais para oferecer apenas hortifrutigranjeiros, passaram a vender outros produtos. O mercadinho se transformou em mercado, depois em supermercado, e, gradualmente, novas lojas foram sendo abertas.
Em 2015, o grupo viveu uma grande guinada. Na época, os mercados tradicionais enfrentavam dificuldades e os atacarejos ganhavam espaço. “Em uma conversa com Abilio Diniz, perguntei o que ele achava dos atacarejos que surgiam com força no Brasil. Ele me respondeu de forma direta: ‘Surfe a onda’”, relatou José Koch. Atualmente, 75% do faturamento do grupo vem do modelo atacarejo.
Essa abertura para aprender com os outros é, segundo ele, uma lição essencial para o sucesso: ter a humildade de perguntar o que não se sabe.
Durante a apresentação, Koch compartilhou números do grupo, que opera com as bandeiras Komprão Atacadista e Super Koch. A empresa conta com 12 mil colaboradores, está presente em 39 cidades e possui mais de 80 lojas em Santa Catarina. Em 2006, o faturamento era de R$ 280 milhões. Para este ano, a previsão é encerrar com R$ 11,5 bilhões — mantendo um crescimento constante.
Um dos segredos para esse desempenho, afirmou, é a clareza de propósito. Com a missão de proporcionar mais qualidade de vida às pessoas, o grupo divulga de forma clara sua missão, visão e valores. Além disso, dissemina seu planejamento estratégico por toda a organização, com a meta de alcançar R$ 20 bilhões em faturamento e 140 lojas até 2028.
O empresário também destacou os desafios das empresas familiares, que, segundo ele, têm apenas três caminhos: realizar a sucessão, ser vendidas ou falir. “Todos os familiares devem ter essas opções muito claras. Para isso, é necessário um acordo societário bem estruturado, que detalhe direitos, deveres, competências, além da separação entre o dinheiro da empresa e o da família. Também é essencial contar com um conselho de administração profissional e um conselho da família”, explicou.
José Koch também enfatizou que o empreendedor precisa cuidar da própria saúde física e mental, bem como manter proximidade e sintonia com a família: “Quando não cuidamos de nós, nosso negócio será afetado negativamente. Afinal, nada é maior que a família”.
Ele ainda enalteceu a cultura do elogio. “Tudo se transforma com elogios. Nunca se arrependa de ter um bom coração”, afirmou.
Outro ponto ressaltado foi a importância de tomar decisões fora do escritório. “As decisões mais assertivas são tomadas na loja, no chão de fábrica ou durante a visita ao cliente”, disse.
Koch reforçou a relevância da boa gestão. Explicou que é fundamental preservar a margem de lucro, o que exige saber precificar, manter baixos custos operacionais e evitar endividamento. “Faturamento é importante, mas o essencial é a última linha”, destacou.
Para concluir, o empresário reiterou a necessidade de equilibrar a vida profissional e pessoal: “Se você trabalhar demais, vai perder a família. Se não trabalhar, também vai perdê-la. Por isso, é preciso fazer a gestão da vida como um todo”.