Burnout, ansiedade e estresse: você está pronto para a gestão emocional?
A neurociência é uma aliada para o bem-estar e a performance nas organizações. A palestrante Carla Tieppo subiu ao palco da Expogestão para explicar, de forma didática, um pouco do funcionamento cerebral e como isso afeta o dia a dia das pessoas no ambiente de trabalho. A pesquisadora e pioneira na aplicação da ciência do cérebro no desenvolvimento humano e organizacional falou sobre como burnout, ansiedade, estresse, medo, pressão, vícios, maus hábitos afetam a saúde mental e o desempenho profissional. Mostrou dados que colocam o Brasil como o primeiro lugar em ansiedade e o segundo país com maior nível de estresse do mundo e que aproximadamente 30 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com burnout, conforme dados da OMS de 2019. Os números mostram o quanto é necessário que a liderança entenda a importância do bem-estar emocional.
A autora do livro “Uma viagem pelo cérebro: uma via rápida para entender a neurociência” ainda explicou que, além do afastamento do trabalho, a saúde mental causa perdas consideráveis no chamado “presenteísmo”, quando a pessoa está no ambiente de trabalho, mas não consegue desenvolver suas atividades de forma plena. “E isso não é falta de cultura, não é só uma questão de emoção, de mimimi”, destacou.
Citou o chamado projeto Aristóteles, desenvolvido entre equipes de trabalho do Google durante uma década. Ao pesquisar de forma profunda as características das equipes de melhor performance na companhia, os estudiosos chegaram à conclusão que times com maiores laços de confiança foram os que apresentaram melhores resultados. Mas como criar sentimento de confiança na equipe? Os profissionais precisam ter acesso a recursos necessários para resolver os problemas. E não são apenas ferramentas. São pessoas. Colegas de trabalho que estejam dispostos a ajudar, a ‘pegar junto’ em todos os momentos.
Em seguida, Carla Tieppo explicou com mais detalhes o papel das emoções. O famoso controle emocional não é suprimir a emoção. Afinal, as emoções têm um papel essencial no comportamento humano. Usou estudos de Antônio Damásio, publicados no livro “O erro de Descartes. Emoção, razão e o cérebro humano” para defender que as decisões, que chamamos de racionais, sempre têm base emocional. Citou uma frase de Damásio: “não somos necessariamente máquinas de pensar. Somos máquinas de sentir que pensam” para descrever um pouco do papel das emoções.
Ela ainda explicou que as organizações precisam fazer gestão das emoções sob o risco de fracassar caso abdicar de usar essa ferramenta de gestão. Afinal, a emoção é muito mais complexa do que um sentimento. Ela afeta a memória, a concentração, o desempenho profissional e a vida pessoal e profissional. Organizações que tem um gerenciamento emocional e respeitam a diversidade criam um ambiente interno positivo e as pessoas são e sentem-se valorizadas. Assim, confiam nos colegas e na empresa. Consequentemente se desenvolvem mais, com autoconhecimento e autogestão, são mais resilientes e têm mais produtividade e melhor desempenho.