
O mercado financeiro passou a projetar juros no Brasil. De acordo com o Boletim Focus divulgado neste início de dezembro pelo Banco Central, os analistas esperam que a Selic permaneça no atual patamar de 15% ao menos até janeiro de 2026, refletindo uma postura mais cautelosa da autoridade monetária diante do cenário econômico.
A pesquisa também mostrou que as expectativas para o final do ano que vem foram revisadas para cima: a taxa básica deve encerrar 2026 em 12,25%, ante os 12% estimados na semana anterior. O movimento representa uma mudança de percepção, já que até então o mercado trabalhava com a possibilidade de início de cortes já no começo do ano. Agora, a projeção é de manutenção da Selic na reunião do Copom marcada para os dias 27 e 28 de janeiro.
Apesar da taxa elevada, o relatório trouxe alívio nas expectativas de inflação. As estimativas para o IPCA caíram de 4,43% para 4,40% em 2025 e de 4,17% para 4,16% em 2026. Os números permanecem dentro do intervalo da meta, que admite variação entre 1,5 e 4,5 pontos percentuais ao ano. A desaceleração da inflação reforça a leitura de que o BC pode estar cada vez mais perto de iniciar o ciclo de flexibilização monetária, ainda que de forma gradual.
Na contramão do aperto financeiro, as previsões de crescimento econômico foram ajustadas para cima. O mercado espera agora que o PIB avance 2,25% em 2025 e 1,80% em 2026. Os números foram revisados mesmo após o resultado abaixo do esperado no terceiro trimestre deste ano, quando o PIB cresceu apenas 0,1% frente ao trimestre anterior, segundo o IBGE.
Para o câmbio, o panorama permanece estável. A mediana das projeções para o dólar no fim de 2025 se manteve em R$ 5,40 pela terceira semana seguida, enquanto a estimativa de R$ 5,50 para o encerramento de 2026 segue inalterada há dois meses. O cenário cambial consolidado indica menor volatilidade no curto prazo, mesmo com as incertezas externas.
Com juros altos, inflação moderada e crescimento um pouco mais forte, economistas avaliam que o desafio do próximo ano será equilibrar o controle inflacionário com estímulos à atividade. A decisão do Copom neste início de dezembro é vista pelo mercado como crucial para definir os primeiros sinais de política monetária rumo a 2026.
FONTE: IstoÉDinheiro