Nos momentos de dificuldade a força da organização é testada
A italiana Barbara Borra, presidente global da multinacional suíça Franke Home Solutions e membro independente do Conselho da holandesa Handstad, participou da ExpoGestão 2023. Em sua palestra “Gente, gestão e estratégia – liderando para o futuro”, Barbara apresentou esclarecimentos sobre como manter a cultura da organização em meio a turbulências. Em atendimento à assessoria de imprensa da ExpoGestão, Barbara abordou alguns pontos sobre o tema da palestra.
Como manter a cultura da organização em meio às dificuldades?
Barbara – É justamente nos momentos de dificuldade que a força da organização é testada. As pessoas ainda estão trabalhando em equipe ou estão focadas em passar a culpa? Eles estão se concentrando no que realmente controlam ou estão perdendo tempo, lembrando-se de um passado que nunca mais voltará (ou talvez nunca existiu)? Vou citar Albert Einstein que disse: “Uma crise é uma oportunidade terrível a ser perdida”. É durante uma crise que a liderança é mais necessária: ser visível, ser honesto sobre o desafio que tem pela frente, mostrar confiança na equipe e saber que ela tomará as medidas adequadas, incentivar a organização a gastar tempo corrigindo e aprimorando/digitalizando os processos internos, na formação de si e dos seus parceiros de negócio, todas aquelas atividades de que nos privamos em tempos de grande exigência. Por último, mas não menos importante, gaste com sabedoria.
Em sua vasta experiência em gestão de pessoas, qual é o principal erro que os líderes cometem no mundo corporativo, que prejudica os resultados das empresas?
Barbara – Líderes distantes e arrogantes que só estão interessados em si mesmos. Como líder, você precisa conquistar os corações e as mentes das pessoas. Isso só pode acontecer se você mostrar interesse genuíno pelas pessoas, por suas aspirações, por suas lutas, por suas ideias.
Rotineiramente, vemos muitas pesquisas mostrando a insatisfação dos funcionários com a adoção da demissão silenciosa. Quais fatores devem ser observados para manter equipes produtivas, felizes e, assim, reter talentos nas empresas?
Barbara – Não devemos confundir críticas com baixo engajamento. Quando as pessoas se importam, elas falam. Como líderes, é nosso dever mostrar que os ouvimos (isso não significa que devemos sempre concordar), explicar repetidamente porque escolhemos um determinado curso de ação e mostrar consistência nos detalhes mais sutis de nossa estratégia. Podemos nos adaptar ao ambiente, mas o norte verdadeiro precisa permanecer o norte verdadeiro. Não há espaço para oportunismo em tempos difíceis… seu pessoal e parceiros vão se lembrar… eles precisam saber que somos leais a nós mesmos e aos parceiros, nos bons e nos maus momentos.
Pessoas em primeiro lugar – como funciona? E a segurança psicológica, qual o papel dela nessa relação?
Barbara – Quem são as pessoas com quem você gosta de ficar? Seus amigos? Por que deveria ser diferente no local de trabalho? Como líder, você deve garantir um ambiente onde esses valores básicos sejam vividos, no dia a dia. Você precisa ter muita determinação em deixar ir embora as pessoas que envenenam o clima da empresa, normalmente as pessoas negativas, que vivem no passado, que não assumem responsabilidades, que sempre culpam os outros.
Após a pandemia, você acredita que houve uma mudança na liderança em relação aos seus subordinados no que se refere à preocupação com a saúde mental?
Barbara – Sempre fui pessoalmente muito sensível a esse assunto, mesmo antes da pandemia. É nosso dever como líderes criar um ambiente onde as pessoas “trabalhem e se divirtam muito”, onde não tenham que escolher se têm uma carreira ou uma família. Precisamos garantir que a carga de trabalho seja apropriada. Atribua projetos que os capacitem e os façam crescer em vez de apenas tarefas simples. Priorize ou mesmo elimine projetos ou iniciativas, se forem muitos. Tudo começa com coisas simples: não envie e-mails após o horário de trabalho ou durante as férias. E comemorar, comemorar, comemorar.