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19/11/2025

Nova pressão profissional: ansiedade cresce com avanço da Inteligência Artificial

A ansiedade que a inteligência artificial generativa provoca no ambiente de trabalho está longe de ser irracional. Na verdade, ela é uma reação coerente do nosso sistema nervoso diante de transformações rápidas, sensação de perda de controle e ameaças ao propósito profissional. É o que aponta um artigo da Harvard Business Review, assinado por Morra Aarons-Mele, especialista em saúde mental no trabalho, que investiga por que a IA desperta emoções tão intensas em profissionais de diferentes áreas e níveis hierárquicos.

Segundo o estudo, a velocidade com que a tecnologia está sendo incorporada às organizações cria um paradoxo para muitos líderes. Ao mesmo tempo em que reconhecem o potencial da IA para reduzir tarefas rotineiras e liberar espaço para atividades estratégicas, eles também se veem diante de novas ameaças à estabilidade de suas carreiras e das equipes. Um diretor de estratégia citado no artigo resume esse sentimento: “Nunca mais preciso encarar uma página em branco”, disse, celebrando a produtividade da ferramenta, mas revelando, nas entrelinhas, uma inquietação sobre o futuro.

Aarons-Mele identifica três grandes gatilhos para essa ansiedade crescente. O primeiro é a sensação de descontrole diante da velocidade das mudanças. Enquanto empresas de tecnologia como OpenAI, Anthropic, Microsoft e Meta avançam em ritmo acelerado, trabalhadores sentem dificuldade em acompanhar essa evolução. Esse descompasso ativa respostas biológicas de ameaça, ligadas à liberação de adrenalina e cortisol, que podem se traduzir em irritabilidade, microgerenciamento, sobrecarga ou até mesmo evasão de situações profissionais desconfortáveis.

O segundo gatilho é a perda de significado atribuída ao trabalho. A expansão de ferramentas que automatizam atividades antes vistas como essencialmente humanas ameaça valores como criatividade, autonomia e senso de propósito. O pesquisador Ziyaad Bhorat, especialista em ansiedade diante da automação, destaca que observar máquinas executando tarefas com pouca intervenção humana é “empolgante e perturbador ao mesmo tempo”, pois revela um aumento no domínio tecnológico acompanhado de maior dependência das organizações em relação às máquinas.

O terceiro fator envolve um conjunto de emoções intensas que a maioria prefere evitar: medo de perder relevância, insegurança financeira, frustração quando a IA não entrega o que promete, raiva de cobranças mal definidas e até solidão pela redução de interações humanas. Um episódio citado pela HBR ilustra bem esse efeito: uma executiva chamou um modelo de IA de “nosso diretor de marketing” na frente do CMO real, gerando humilhação e tensão desnecessária, não por causa da tecnologia, mas pelo uso equivocado dela em um contexto humano sensível.

Diante desse cenário, o artigo destaca que transformar ansiedade em clareza estratégica pode ser um diferencial para líderes. Reconhecer emoções, identificar os valores ameaçados e agir de maneira intencional, seja propondo implementações mais responsáveis, seja investindo em capacitação ou promovendo diálogos transparentes, torna-se essencial. A ação consciente, e não a negação do desconforto, é o que permite navegar pela revolução da IA de forma mais humana. Afinal, como lembra Brené Brown, citada no texto: “Se você não está se sentindo perturbado, provavelmente não está prestando atenção.”

FONTE: Época Negócios

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