O comércio digital veio para ficar
Visto como uma alternativa, durante os primeiros meses da pandemia, para não fechar as portas, o e-commerce, ou comércio digital agora é uma realidade perene. E mais: está se acelerando muito. “Quem ainda não se digitalizou não perca tempo, o avanço é rápido”, alerta Rafael Forte, presidente da VTEX Brasil, atuante no mercado de tecnologia para e-commerce. Rafa palestrou na ExpoGestão 2001, abordando “As principais tendências do comércio digital; o futuro do e-commerce”.
“Passamos – diz o executivo – por uma experiência única nestes dois anos, que mudou completamente a forma como a gente se relaciona com as pessoas, com o varejo, com a indústria. Dizem que ‘a digitalização avançou cinco anos em cinco meses, mas eu digo que perdemos cinco anos em cinco meses, porque fomos forçados a amadurecer de uma maneira tão rápida que muitas vezes deixamos algumas etapas de lado. Tudo isso trouxe, obviamente, benefícios e malefícios no mercado de varejo e digital commerce.”
No auge da quarentena imposta pela pandemia, as empresas viram grande parte do faturamento sumir da noite para o dia. No momento em que as lojas fecharam e o público ficou em casa, a maioria das empresas que tem o faturamento no mundo físico viu seu faturamento cessar.
Na corrida por alternativas, sobressaiu-se o digital commerce, inicialmente mais voltado a comida e remédios. Utilizaram-se aplicativos, browsers, apps, whatsapp e até a televisão. “Essa aceleração – diz Rafa Forte – foi boa, pois trouxe evolução. Por outro lado, deixamos de amadurecer melhor todas essas inovações, e agora precisamos lapidá-las.”
O quanto o comportamento do consumidor, da indústria, do varejo mudou durante a pandemia? Rafa responde: “O consumidor, ao se ver dentro de casa, foi buscar alternativas para consumir. Muitos já tinham o costume de comprar on line, mas durante a pandemia, quase 10 milhões de brasileiros passaram a fazê-lo. Entrou um novo público, que não comprava dessa forma antes”.
Para o empresariado, as mudanças também foram significativas: “No nosso ramo, temos a cultura do testar rápido, errar rápido e corrigir rápido. Mas as empresas tradicionais, que não costumavam agir assim, passaram a testar a cultura de conviver com o erro, se permitir errar para evoluir. Muitas empresas colocaram em prática projetos engavetados, de forma rápida e paralelizada. E isso vem ficando na cultura dessas companhias. Quanto mais rápido você coloca para funcionar, mais rápido vem o retorno”.
As tendências
Como se tornar relevante para o consumidor digital do século 21? Rafa Forte lista algumas tendências. A primeira é o live streaming e-commerce, ou mostrar-se e vender ao vivo. No Brasil, a tendência ainda gera desconfiança, mas na China, por exemplo, 62% dos consumidores testaram e 88% das marcas investem nesse nicho, especialmente nos segmentos de entretenimento, games, educação e esportes. Pode-se utilizar qualquer meio, como Tik Tok, Instagram, e-commerce… “O engajamento é alto” – garante Rafa, lembrando que o live commerce é antigo e citando como exemplo o Polishop.
Outra tendência é o conversational commerce, ou comércio baseado na conversa. “Whatsapp é a forma mais simples. A maioria dos estabelecimentos tem número de whats na porta ou no logotipo. É uma forma simples de se comunicar com o consumidor”, afirma Rafa, ilustrando com o exemplo do Magazine Luísa, que incentiva os vendedores a criar campanhas. “É hora de parar de pagar comissão aos vendedores e oferecer melhores salários, para que eles se desenvolvam”, alerta.
A terceira tendência vem de alguns anos e se fortaleceu agora: o direct consumer, ir direto ao consumidor. Rafa Forte esclarece: “A indústria virou o novo varejista e o varejista virou um novo canal de mídia. Todos os canais passam a conviver, sem conflito. Há consumidores que preferem comprar direto do fabricante. É uma rede colaborativa, que visa oferecer ao consumidor a melhor oferta que ele pode ter”.
Outra: a personalização das ofertas. “Não só imprimir o nome do comprador na camisa do time dele, mas conhecer o seu perfil e oferecer o que ele quer comprar, na hora que ele quer comprar. Saber que ontem ele comprou a camisa, e hoje oferecer outro item que pode lhe interessar”.
O cross border commerce é mais uma tendência: “Vender seu produto em qualquer lugar do mundo. Uma questão cultural vem impedindo os empreendedores daqui, devido às dimensões continentais do Brasil. Eles primeiro querem conquistar o mercado interno. Fronteiras geográficas são uma barreira psicológica para os empreendedores”. A marca Brasil, conclui, é altamente exportável, o planeta todo conhece. “O mundo é grande!”
As palestras da ExpoGestão 2021 acontecem de forma online. O evento acorre até o dia 21 de outubro, por meio do site. A organização é da Ópera Eventos Corporativos.