
A confiança da indústria brasileira voltou a recuar em novembro, refletindo um ambiente econômico ainda desafiador para o setor. Dados divulgados recentemente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostram que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) desceu 0,7 ponto em relação ao mês anterior, atingindo 89,1 pontos, nível que reforça o clima de cautela entre os empresários.
A retração ocorre em um cenário de incertezas e indica dificuldades para uma recuperação consistente da atividade industrial.
Segundo a FGV, a queda da confiança está diretamente ligada à piora na avaliação das condições atuais. O Índice de Situação Atual (ISA) registrou recuo expressivo de 4,6 pontos, chegando a 89,6 pontos. As empresas relataram um nível elevado de estoques e percepções mais negativas sobre a demanda, um sinal de que o setor enfrenta obstáculos para acelerar a produção. O economista do FGV IBRE, Stéfano Pacini, destacou que este é o oitavo recuo da confiança da indústria ao longo do ano, ampliando a sensação de pessimismo.
Pacini ressalta que o desempenho do setor reflete a complexidade do ambiente macroeconômico brasileiro. Embora o mercado de trabalho apresente indicadores positivos, a indústria ainda sente o impacto da política monetária contracionista. Com juros elevados e demanda enfraquecida, as empresas permanecem distantes de um cenário de reaquecimento. “A conjuntura atual impede uma retomada mais firme da atividade, especialmente em segmentos mais sensíveis ao crédito”, avaliou.
Em contraste com o humor negativo sobre o presente, as expectativas para os próximos meses apresentaram alguma melhora. O Índice de Expectativas (IE) subiu 3,4 pontos, alcançando 88,8 pontos, depois de acumular cinco meses consecutivos de queda. Apesar da alta, o nível ainda é considerado baixo, revelando que os empresários enxergam o futuro com menos desconfiança, mas sem sinais claros de otimismo.
No centro dessa dinâmica está a trajetória da taxa básica de juros. Comprometido com a meta de inflação de 3%, o Banco Central mantém a Selic em 15% ao ano, o maior patamar em duas décadas. Até o momento, a instituição não deu indicações sobre quando poderá iniciar um ciclo de cortes, o que mantém pressão sobre o custo do crédito e restringe investimentos no setor produtivo.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária ocorrerá nos dias 9 e 10 de dezembro, e o mercado espera nova manutenção da taxa, prolongando o cenário de cautela para a indústria.
FONTE: Infomoney