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Quais são as perspectivas para o cenário econômico brasileiro?

 

O Economista Alexandre Schwartsman, colaborador de CBN, Folha e Infomoney avalia motivos da recuperação econômica mais lenta da história do país  

Conhecer as perspectivas para o cenário econômico brasileiro é um elemento fundamental para os empresários e executivos no momento em que tomam decisões estratégicas de planejamento e orçamento para o próximo exercício. Durante a Jornada do Conhecimento Expogestão, realizada no início de outubro, o economista Alexandre Schwartsman, Conselheiro da MP Advisor, apresentou um conjunto de dados em sua reflexão sobre o tema.

Embora a fraca recuperação da pior recessão da história tenha sido interrompida ao longo de 2019, Schwartsman começou sua explanação com aspectos positivos da economia brasileira: crescimento modesto do emprego, inflação baixa, taxas de juro reduzidas e uma moeda bem alinhada.

As contas públicas e o endividamento do governo são a principal fragilidade do país e acreditamos que, por conta disso, são também o maior obstáculo a uma recuperação mais vigorosa da atividade econômica. A capacidade da nova administração de avançar nas reformas, sobretudo na previdenciária, vai determinar o ritmo da recuperação”, destacou o economista.

Segundo Alexandre Schwartsman, a recessão de 2014 a 2016, que provocou uma queda de 8,2% do PIB e 11,2% na demanda, equivaleu, em duração, a de 89/92. Mas enquanto essa teve uma recuperação em 7 trimestres, já estamos no 10º trimestre de recuperação da mais recente e o país mal cresceu 4%.

Para o economista, as melhores notícias vêm do emprego (está recuperando bem, mas com vagas de menor qualidade), renda e retomada do varejo. Destaca, também, que a balança de pagamentos está controlada e que as reservas internacionais são confortáveis. No entanto, diz que preocupa o alto índice de capacidade ociosa da indústria de transformação, que atribuiu em parte às dificuldades econômicas na Argentina e também à desaceleração global, no quinto mês consecutivo. Schwartsman enfatiza que todo este contexto tem contribuído para uma inflação abaixo da meta, na faixa de 3,5%.

O nó é o investimento, que teve uma queda de 30%, com recuperação irrisória. E o endividamento do governo tem a ver com isso”. De acordo com Alexandre Schwartsman, entre 2007 e 2013 houve uma redução de 0,5% ao ano na dívida pública, mas desde então ela cresce 5% ao ano, gerando desequilíbrio fiscal. “São 20 anos de expansão de despesas”, afirma o economista, explicando que atualmente apenas 10% do gasto público não é vinculado – percentual que deve cair para 6% em 2020. “Mais de 50% deste endividamento foi gerado pela Previdência”, afirma.

A situação dos estados também não é promissora. De acordo com o economista da MP Advisor, 14 das 27 unidades da federação não cumprem a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Apontando as perspectivas para o cenário econômico brasileiro, Schwartsman afirma que a recuperação, quando voltar, será ainda lenta; que com a aprovação da atual reforma da previdência haverá espaço apenas justo para manter governo federal atuante e que a exclusão de estados e municípios é um erro que pode custar muito caro no futuro. Mas acena novamente com os indicadores positivos que alimentam expectativa de crescimento de 2% em 2020 e 2,5% nos próximos anos: inflação baixa e contas externas em ordem. “A agenda para a recuperação é longa e o governo terá que trabalhar melhor com o Congresso Nacional”, concluiu.

A apresentação utilizada por Alexandre Schwartsman está disponível em nosso perfil do SlideShare. Acesse clicando aqui!

Assista ao vídeo de Alexandre Schwartsman na Jornada de Conhecimento 2019