O relatório “Futuro do Trabalho 2025-2030”, da Fundação Dom Cabral, parte de uma investigação global com mais de 1.000 empregadores para identificar as grandes tendências que vão remodelar o mundo do trabalho nos próximos anos.
A análise foca nas transformações trazidas pela tecnologia, pelas mudanças demográficas, pelas pressões geoeconômicas, pela transição verde e pelos novos modelos organizacionais. No centro desse panorama está a urgência de requalificação profissional: diante de um mercado em rápidas mudanças, manter competências atualizadas torna-se condição de sobrevivência.
O perfil do trabalhador está mudando com intensidade: a ênfase desloca-se para habilidades tecnológicas, inteligência artificial, big data, segurança digital, mas também para competências comportamentais como resiliência, flexibilidade, liderança e pensamento analítico.
O relatório mostra que as empresas já reconhecem essa nova lógica: 85% delas pretendem priorizar o upskilling de seus quadros. Ao mesmo tempo, muitas habilidades atuais, cerca de 39%, tendem a se tornar obsoletas ou exigir transformação até 2030.
No plano global, as forças motrizes dessa revolução são variadas: o avanço da inteligência artificial e da automação; a fragmentação geoeconômica com tensões entre blocos; as incertezas macroeconômicas; as mudanças demográficas (com países envelhecendo, outros com grande massa jovem); e a transição para uma economia verde.
Em particular, o relatório aponta que a geração e o uso de tecnologias digitais, bem como a adoção de práticas sustentáveis, serão vetores centrais para a criação de novos empregos.
Quanto aos empregos com perspectivas de crescimento, destacam-se funções como especialistas em Big Data, IA, ciência de dados, segurança da informação, desenvolvedores de software, engenheiros de energia renovável, profissionais de UX/UI, entre outros.
Por outro lado, cargos de natureza repetitiva ou administrativos, carteiros, operadores de dados, assistentes, caixas, telemarketing, sofrem forte tendência de declínio ou substituição tecnológica.
No Brasil, o desafio é ainda mais enfático: a lacuna de habilidades é apontada como o principal entrave à transformação dos negócios. O relatório estima que 37% das habilidades dos trabalhadores brasileiros precisarão passar por atualização.
Quase 9 em cada 10 empresas afirmam que pretendem investir em qualificação nos próximos cinco anos, muitas com foco em IA, big data, pensamento crítico e alfabetização tecnológica. A migração de trabalhadores de funções em declínio para funções emergentes também aparece como estratégia relevante nas organizações brasileiras.
Por fim, o relatório conclui que o sucesso dos países e das empresas dependerá de uma conjunção de esforços: políticas públicas e investimentos em infraestrutura digital, parcerias entre governos, empresas e instituições de ensino, e programas robustos de requalificação contínua. Para o Brasil, o relatório recomenda elevar o papel da gestão de pessoas à instância diretiva, alinhar os treinamentos às exigências tecnológicas e acelerar o ritmo de adaptação institucional para não perder competitividade.