A manutenção da taxa Selic em 15%, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na segunda quinzena de setembro, mantém o Brasil com o segundo maior juro real do mundo: 9,51%. O levantamento é da MoneYou e da Lev Intelligence, sob liderança do economista-chefe Jason Vieira.
Mesmo que o Copom tivesse optado por um corte de 0,25 ponto percentual, movimento estimado por apenas 5% dos agentes do mercado, a posição brasileira no ranking não seria alterada.
Atualmente, o país está atrás apenas da Turquia, que lidera com juros reais de 12,34%, e à frente de Rússia (4,79%), Colômbia (4,38%) e México (3,77%). A média global é de 1,45%.
Tendência global de manutenção
O estudo mostra que, entre 165 países analisados, 83,64% mantiveram os juros em suas últimas reuniões de política monetária. Apenas 2,42% elevaram as taxas, enquanto 13,94% cortaram. No recorte de 40 países, 70% optaram pela manutenção, nenhum aumentou os juros e 30% reduziram.
Cenário de incertezas
Para o analista internacional Jason Vieira, o ambiente doméstico segue pressionado por incertezas inflacionárias e riscos fiscais. “A questão fiscal cria tensão e dificulta cortes de juros, ainda que a inflação tenha mostrado sinais de alívio em linha com a queda global do dólar”, avalia.
Ele ressalta ainda que a “guerra de tarifas” amplia as incertezas locais, tornando o trabalho do Copom mais complexo.
Na comparação com os Estados Unidos, Vieira destaca que o Brasil sinaliza uma postura mais rígida:
“A manutenção de juros no Brasil, diferente dos EUA que tendem a cortar em 25 pontos-base, deve ser unânime e funciona como um recado voltado ao fiscal. Já a fala de Jerome Powell no FOMC pode se apoiar nos dados marginais do mercado de trabalho para justificar cortes, mesmo diante da pressão inflacionária recente”, analisa.
FONTE: INFOMONEY – Setembro/25