Sociedade quer empresas mais atuais nas práticas ambientais, sociais e de gestão
Cada vez mais, a sigla ESG – abreviatura em inglês para as práticas ambientais, sociais e de gestão – está tomando espaço dentro das organizações para atender uma demanda que não é atual.
Em 1948, quando foi oficializada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, num cenário pós-guerra, o mundo começou a colocar na agenda a temática social. Menos de duas décadas depois, em 1962, a parte ambiental foi incorporada a partir da obra A Primavera Silenciosa, da escritora Rachel Carson. Esse foi a primeira publicação que falou sobre como os poluentes químicos impactam na natureza e nos humanos.
Isso abriu vertentes para novas pesquisas científicas que mostraram os impactos do uso abusivo dos recursos naturais na sobrevivência da humanidade.
A especialista em área da sustentabilidade e sócia da empresa KPMG, que lidera prática de ESG no Brasil, Nelmara Abex, palestrou nesta terça-feira (19/10) na ExpoGestão 2021, o tema “Desmistificando o ESG: a estratégia e a execução”.
Autora de publicações sobre o assunto, Nelmara reforçou a importâncias de as corporações adotarem essas medidas ESG como estratégia de reputação, porque o mercado demostrou que as ações que estão sendo mais valorizadas são as de empresas que adotam esses processos voltados ao ambiente, sociedade e gestão.
Segundo a palestrante, há uma expectativa, ou necessidade, de que as empresas ajudem a resolver os problemas da sociedade, que é onde os negócios acontecem. Para a especialista, o sucesso está intrinsecamente ligado com o contexto econômico social-ambiental onde as empresas operam.
No Brasil, foi apresentado um estudo para analisar a adoção das práticas ESG nas empresas. A pesquisa mostrou os problemas que devem resolvidos com mais urgência.
O primeiro desafio está na melhoria dos sistemas de saúde e educação, combater a pobreza, as mudanças climáticas, a disparidades econômicas, a discriminação e o racismo.
Os entrevistados na pesquisa citaram que as empresas são as mais capacitadas para resolver os problemas, principalmente as companhias em que eles estão empregados. A maioria (90%) espera que os executivos se manifestem publicamente sobre as grandes questões da sociedade, como pandemia, automação do trabalho, pobreza, saúde, etc.
“Isso demonstra o reconhecimento da população que os líderes devem cumprir um papel bem maior do que empresarial, mas de liderança na sociedade. Ou seja, a expectativa é que as empresas preencham os vazios deixados pelos governos. Os consumidores e empregados têm o poder de fazer a empresa tomar essa postura. E a gente percebe que no ambiente da sociedade, o que se espera das companhias é essa participação”, disse.
Por isso as práticas ESG servem de referência para ações que atendam essas demandas.
“Não adianta fazer campanha de marketing sobre as boas práticas. Tem que estar comprometida de fato, através de indicadores. A análise de materialidade define os pontos mais importantes para fazer essa gestão em ESG e não devem ser definidos só pelos executivos, mas incluir os públicos que a corporação se relaciona”, destacou Nelmara.
As palestras da ExpoGestão 2021 acontecem de forma online. O evento acorre até o dia 21 de outubro, por meio do site.