
Café, carne bovina, frutas tropicais e cacau. Estes são produtos agrícolas exportados do Brasil para os Estados Unidos, que fazem parte do decreto assinado pelo governo americano que anula as tarifas adicionais de 40% impostas sobre diversos alimentos.
A medida entra em vigor retroativamente para as importações realizadas a partir de 13 de novembro deste ano. A isenção contempla, hoje, cerca de 238 classificações de produtos brasileiros do setor agroindustrial.
O que mudou
A alíquota adicional de 40% deixa de valer para os produtos especificados. Apesar dessa liberação, em declarações oficiais o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, afirmou que alguns produtos-chave como café, carne e frutas tropicais ainda enfrentam a tarifa de 40%.
Para o Brasil, trata-se de uma vitória diplomática e comercial: os produtos agrícolas brasileiros ganham competitividade no mercado norte-americano, o que pode impulsionar exportações, gerar receita e fortalecer as cadeias produtivas.
Para os EUA, a medida responde a pressões internas por redução dos preços ao consumidor e por aliviar o custo de alimentos importados.
A tarifa de 40% havia sido imposta em julho de 2025 como parte de um pacote mais amplo de tarifas sobre produtos brasileiros.
Agora, com essa suspensão parcial, a expectativa é de que exportadores brasileiros faturem mais e que importadores americanos liberem estoques represados, especialmente de café.
Impacto específico nas exportações brasileiras
- Café
Parte importante da pauta: a medida de isenção abrange o café “verde” (ou seja, grão cru), segundo a Forbes Agro. A redução da tarifa deve impulsionar a competitividade do café brasileiro nos EUA, favorecendo toda a cadeia: produtores, cooperativas, exportadores e processadores de café. Porém, café solúvel (instantâneo) ficou de fora da isenção, segundo apuração da Reuters/AP.
Com a isenção retroativa a 13 de novembro, espera-se reembolso das tarifas já cobradas desde essa data, o que pode aliviar prejuízos de exportadores.
Risco: exportadores de café industrializado (como café solúvel) ainda enfrentam barreiras, o que pode limitar a recuperação para todos os segmentos.
- Carne bovina
A tarifa extra (surtaxa) de 40% foi parcialmente removida para carnes bovinas, segundo fontes. Apesar disso, segundo a CNN Brasil, a sobretaxa de 40% “mantida” ainda prejudica parte da carne: isso limita a recuperação plena das exportações.
Segundo a Abrafrigo (citado pela CNN), as exportações de carne bovina para os EUA caíram fortemente no período com tarifas, com estimativa de perdas de cerca de US$ 700 milhões entre agosto e outubro. Por outro lado, o setor comemorou a decisão como uma vitória diplomática e comercial, sinalizando que pode haver normalização das vendas.
Risco: a tarifa base ainda pode limitar a margem de lucro e competitividade, e a incerteza regulatória permanece até negociações mais profundas.
- Frutas tropicais (manga, banana, açaí, etc.)
A isenção da tarifa de 40% inclui frutas como manga, banana, açaí e outras, segundo a cobertura da Forbes Agro. Mas nem todas as frutas brasileiras foram liberadas: de acordo com a AP, algumas frutas-chave podem continuar tarifadas. A CEPEA alerta que a sobretaxa inicial pressionava a exportação de frutas como manga e uva, comprimindo margens para exportadores do Vale do São Francisco.
A imposição da tarifa de 40% mais 10% já tinha causado insegurança entre produtores e exportadores dessas frutas, o que pode ter levado a ajustes nos contratos e fluxos de venda.
Risco: ainda há volatilidade, especialmente para frutas cujas janelas de exportação são sazonais; pode haver reajuste de preços ou redirecionamento para outros mercados.
- Cacau e especiarias
A isenção também atinge cacau e outras especiarias, conforme reportado pela Forbes Agro.Isso pode favorecer exportadores brasileiros dessas cadeias menos tradicionais e gerar novos volumes de comércio bilateral. A retirada da tarifa também sinaliza uma abertura estratégica para cadeias de valor mais agregadas, com potencial para agregar valor (transformação) no Brasil.
Oportunidade: expansão e diversificação das exportações de produtos de maior valor agregado, o que pode trazer ganhos não apenas em volume, mas em margem.
- Panorama geral de exportações
Ao todo, foram excluídos 238 produtos brasileiros da sobretaxa de 40%. De acordo com o governo brasileiro, a medida reduziu a parcela das exportações brasileiras para os EUA sujeitas à sobretaxa de 40% de 36% para 22%.
Mesmo com a redução, alguns produtos continuam tarifados, e outras tarifas (como as relacionadas à Seção 232 dos EUA) ainda afetam parte das exportações brasileiras.
A isenção é retroativa: há previsão de reembolso das tarifas já pagas desde 13 de novembro.
Conclusão – Impacto Estratégico
Alívio competitivo: A retirada (parcial) das tarifas favorece produtos agrícolas brasileiros estratégicos, restaurando competitividade que havia sido severamente prejudicada.
Recuperação das exportações: Setores de café, carne bovina e frutas podem retomar parte do fluxo para os EUA, mas a recuperação será gradual e dependerá da manutenção das isenções.
Redistribuição de risco: Exportadores de produtos ainda tarifados precisarão buscar mercados alternativos ou negociar novas condições; por outro lado, há espaço para aumentar exportações das commodities isentas.
Ganho diplomático e comercial: O Brasil conseguiu avanços importantes nas negociações, e a medida sinaliza uma reaproximação comercial com os EUA.
Incerteza persistente: Nem tudo foi liberado, e as tarifas restantes, além de outras barreiras regulatórias, ainda representam um risco para muitos exportadores.
FONTE: Portal CNN