Transição energética pisa no acelerador
As nações se comprometeram a zerar as emissões de carbono até 2050, sendo a transição energética o item principal da receita. E como está essa transição? O mundo está conseguindo? E o Brasil, em qual patamar se encontra? Falta muito?
Algumas respostas foram dadas no segundo dia da Expogestão 2023, no painel O Futuro da Energia. Os participantes foram Gabriel Mann dos Santos, diretor de Comercialização de Energia da Engie Brasil, e Marcio Osli, diretor de Energia Solar da Intelbras. Em comum, uma conclusão de ambos: o Brasil está bem posicionado na transição energética.
Desafios e oportunidades
“Há muita coisa acontecendo e muito ainda a acontecer.” A afirmação, de Gabriel Mann dos Santos, resume a “pisada no acelerador” que o mundo – e o Brasil em particular – vem dando. “Por que é tão necessário acelerar a transição energética? A primeira e óbvia resposta é o período de mudanças climáticas pelo qual o planeta passa. E há a preocupação ética, os princípios ESG (“Environmental, Social and Governance“, que em português pode ser traduzido como ambiental, social e governança).” A Engie, por exemplo, desde 2015 vem diminuindo os investimentos em energia termoelétrica, devendo zerar o uso do carvão em 2025. Por outro lado, a empresa investiu mais de 20 bilhões de reais nas matrizes eólica e solar. “De um modo geral – acrescenta o executivo –, as empresas perceberam a necessidade de buscar novas práticas. Um dado: 4 de cada 5 empresas do setor de energia consideram as práticas ESG para suas decisões de investimento.”
O Brasil, garante, está indo muito bem no caminho da renovação da matriz energética: “O país está atingindo a maturidade em tecnologias como solar e eólica. Não há caminho de volta, mas desafios e oportunidades. Entre os desafios, ter várias fontes, planejar infraestrutura e logística e ter política de preços adequados para investidor e consumidor. E a grande oportunidade é o hidrogênio verde”.
Um futuro melhor
Para Marcio Osli, da Intelbras, a transição energética tem os principais objetivos de “garantir um planeta melhor, um futuro para nossos filhos e ganhos econômicos”. O executivo citou 5 Ds da transformação energética. O primeiro D é de descentralização: “Temos hoje, no Brasil, uma capacidade 1,5 vez maior do que Itaipu, em fontes renováveis. Mas apenas 2,1% das unidades consumidoras geram sua própria energia, especialmente solar. Por isso, é importante investir em sistemas de armazenamento, para gerar energia em situações de escassez, como pouco vento ou longos períodos sem sol”.
Outro D: “A digitalização avança rapidamente, mas ainda precisamos investir mais em plataformas de compra de energia e medidores inteligentes, por exemplo”. Desenho de mercado é outro item importante da receita, pois implica em implantar políticas regulatórias, ainda incipientes. Segue-se a já citada descarbonização: “O Brasil já alcançou um índice de 87% de energia renovável, ante 28% no mundo”. Finalmente, a democratização, item mais carente de investimento. Marcio Osli aponta: “Nessa questão, o Brasil precisa evoluir muito, pois hoje ainda há 1 milhão de pessoas sem acesso à energia elétrica, principalmente na região Norte”. O que se espera, na opinião de ambos os palestrantes, é que os investimentos cresçam acima da demanda. A transição energética é um caminho sem volta.