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Zeca de Mello fala sobre os ciclos de resoluções

 

Ao iniciar 2020, convidamos o palestrante que encerrou a Expogestão 2019 para falar sobre os ciclos de resoluções que acompanham o fim e o começo de mais um ano

Como não poderia ser diferente, o Filósofo, Doutor em Teologia, palestrante e professor da Fundação Dom Cabral, Zeca de Mello, propõe um olhar diferente, o olhar da criança, para iniciarmos este novo ciclo mais atentos ao que é realmente importante em nossas vidas. Confira.

 “Os rituais e festas que marcam cada novo ciclo dão sentido à vida”

Os seres humanos de todas as culturas e em todas as eras não vivem sem rituais. Faz parte da natureza humana comemorar os ciclos agrários, as estações, a noite e o dia. É o momento de fazer um balanço da vida. Somos estimulados a tomar novas resoluções em nossas carreiras, nos relacionamentos, nas finanças e em nossos hábitos.

Os rituais que marcam esses ciclos dão sentido à vida e nos tiram da rotina. E isso é muito importante. Porque, nesta era hiperacelerada e hiperconectada, somos facilmente levados ao mundo das respostas rápidas. A tentação é ficarmos presos à superfície.

O deslizar das nossas vidas como os dedos nas telas dos smarthphones é uma triste metáfora da vida que se leva hoje.

A tecnologia prometeu nos deixar mais livres para dedicar atenção à família e aos amigos, às experiências e à criatividade. Prometeu também um propósito no exercício de nossas profissões e empreendimentos. Mas isso não se concretizou.

Ao mesmo tempo em que vivemos a cultura do foco extremo, sofremos todos de déficit de atenção. O grande risco é ligar o piloto automático e estarmos alheios ao que importa.

Como estudioso e entusiasta da origem das palavras, me vem à mente imediatamente o parentesco entre “Estética” e “Anestesia”. Ambas são de origem grega: uma é a negação da outra.

Estética é a ciência da percepção, dos sentidos abertos para o que é belo. Anestesia é o oposto: significa sentidos fechados. Em grego, a letra alpha (a) indica negação.

Esse momento de festas e celebrações na virada do ano evoca o sonho da criança. Daí ser tão importante olharmos a vida com olhos de crianças. Estar aberto ao novo, prestar atenção nas coisas com curiosidade e estupefação.

“Gratidão é liberdade”

Para esse novo ciclo, proponho um exercício que é muito simples, mas não é fácil: o exercício da visita de gratidão. Procure alguém que foi ou ainda é muito importante na sua vida. Pode ser familiar, professor, mentor, amigo, colega de trabalho ou de faculdade. Quando estiver cara a cara, frente a frente, agradeça pessoalmente, fale de forma bem explícita porque você é tão grato àquela pessoa e por que ela é tão importante.

Bem mais fácil do que isso é nos deixarmos tomar por emoções tóxicas, ressentimentos e mágoas. Acabamos esquecendo das pessoas que passaram ou estão em nossas vidas e que nunca receberam, abertamente, a nossa gratidão e reconhecimento.

Gratidão é liberdade, é se livrar do veneno do ressentimento que só faz mal a quem o cultiva dentro de si.

O ser humano é realizador, capaz de aprender e empreender. Neste novo ano seja capaz de exercitar e empreender a ousadia da gratidão.