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O que os CEOs ainda esperam de 2024?

Um painel da ExpoGestão, exclusivo para CEOs, trouxe a visão de executivos de importantes segmentos econômicos para os negócios até o final de 2024. Participaram Leandro Jasiocha, CEO da Eletrolux Latin América; Cássio Schreiner, Presidente do Porto Itapoá; Alexandre Wiggers, CEO da Condor e
Otávio Rodacoswiski, Plant Manager Araquari na BMW Group.

Linha Branca
(Leandro Jasiocha, CEO Eletrolux Latin America)

A indústria de linha branca teve um primeiro semestre muito forte, algo que não havíamos previsto. Isso foi consequência de uma conjuntura positiva, com queda da inadimplência e forte demanda de eletrônicos. No entanto, temos algumas preocupações no curto prazo.

Nossa cadeia de produção é muito longa, dependemos muito do mercado da manufatura chinesa para componentes. O aumento do dólar impacta muito nossos custos, o custo de container está subindo e pagamos uma carga tributária um pouco maior a partir desse ano. Estes elementos estão impactando os custos no curto prazo e podem impactar a demanda.

Temos uma visão muito positiva de médio e longo prazo. Somos uma marca, líder e em seis anos praticamente dobramos o tamanho da empresa no mercado brasileiro.

Como efeito da pandemia, as pessoas continuaram colocando muito foco dentro das suas casas, realizando reformas e trocando aparelhos domésticos. Investimentos de médio e longo prazo a gente tem feito, está fazendo e vai continuar fazendo dentro do nosso plano estratégico.

Nosso setor ainda tem muito espaço para crescer no Brasil. Menos de 70% dos lares têm uma máquina de lavar automática. Quando você fala de uma lava louça é muito menos, e no caso de secadoras, que aqui no sul do Brasil são importantes, menos ainda. Já no caso de itens como refrigerador e fogão, o consumidor brasileiro quer produtos cada vez melhores.

Logística e Negócios Internacionais
(Cássio Schreiner, Presidente do Porto Itapoá)

O setor de logística internacional vem sofrendo desde a pandemia, tanto pelos custos de operação quanto pela capacidade de atender às demandas.

As perspectivas não são melhores no curto prazo. Os custos logísticos sobem e não são benéficos como um todo. Tivemos neste ano greve em vários agentes reguladores. As indústrias que têm necessidades vinculadas a esses órgãos, acabam ficando com cargas paradas por mais tempo.

Além disso precisamos de obras de infraestrutura no ativo, em rodovias, ferrovias e melhorias de acessos aquaviários. Esse é o grande gargalo que temos. Vemos em Santa Catarina nossa indústria em pleno vapor em pleno emprego e nossa infraestrutura logística não consegue dar conta de todas essas necessidades.

No Porto Itapoá, temos uma capacidade resultante da obra de expansão que concluímos em janeiro e não podemos utilizá-la, por falta de licenciamento ambiental. De forma geral, no longo prazo, poucos portos no Brasil estão preparados para agregar capacidade.

Localizado em uma região privilegiada, o Porto Itapoá tem a oportunidade de crescer, tornando-se o maior e mais eficiente terminal da América do Sul.
O terminal firmou recentemente um acordo com o governo do Estado para solucionar financeiramente a dragagem do canal de acesso da Baía Babitonga, o que é potencial para todos os operadores portuários na nossa região. Além de possibilitar o recebimento de navios maiores e melhorar as condições logísticas, o projeto vai proporcionar o engordamento da Praia de Itapoá com a areia retirada do fundo do canal.

Bens de Consumo
(Alexandre Wiggers, CEO da Condor)

Na Condor, os principais negócios são limpeza, beleza, higiene oral e uma linha de ferramentas para pintura, tanto para a construção civil como para artistas e artesões. Concentro meus comentários nos três negócios que têm uma ligação direta com o varejo alimentar, com o supermercado, independente do modelo e tamanho.

O varejo alimentar cresceu nos primeiros cinco meses de 2024 5,7%, especialmente no mês de maio. Deste total, 5,7% vem de crescimento físico e o restante de complemento inflacionário. Nestes últimos anos, houve uma mudança muito grande no comportamento do consumidor que vai no varejo alimentar. Os itens de baixo valor tomaram conta nesse momento de pandemia e recentemente vimos voltando para a cesta do consumidor os itens de maior valor agregado, mais premium.

Existe uma oportunidade grande para quem opera nesse varejo de melhorar o mix de produto, obter um ticket médio maior ou até desenvolver uma estratégia de rentabilidade. Durante a pandemia mudou a composição da cesta do consumidor; essa cesta hoje tem muito mais itens que até então não estavam.

A cesta de limpeza foi muito fortalecida durante a pandemia e se estabilizou em cima, não no mesmo patamar do pico da pandemia, mas se estabilizou num patamar muito superior ao momento pré-pandemia. É importante olhar essa cesta nova que tem a composição no bolso consumidor.

Outra mudança foi a questão do multicanal, acelerado pela pandemia e que se estabilizou num patamar superior ao período anterior. Os consumidores estão fazendo compras em mais canais do que iam naquele momento. Olhar para essa questão no multicanal é extremamente importante para quem tem algum produto ou serviço.

O segundo semestre sempre é melhor para o varejo alimentar. Independente de ser um ano bom ou ruim, há 36 anos eu vejo esse movimento. Projetamos um crescimento de 2024 próximo de 10%.

Automotivo
Otávio Rodacoswiski, Plant Manager Araquari na BMW Group

Temos uma setorização do segmento automotivo que chamamos de mercado premium. Conhece as marcas tradicionais e há uns quatro ou cinco anos começou um movimento de evasão, de saída do Brasil; a Audi, por exemplo, deixou de produzir no Brasil; a Mercedes fechou fábrica no Brasil.

Continuamos vendendo no Brasil, e por isso fabricamos aqui. Hoje temos 40% de market share, uma folga grande para o segundo colocado. Percebendo a importância de fabricar aqui para o cliente, começamos a investir no turismo industrial. Inauguramos tours na fábrica. Do ano passado para cá tivemos um aumento de volume de 10% na planta. Temos ainda uma projeção de aumento de uns 5% pro ano que vem.

Somos um desenvolvedor e produtor de automóveis e temos que fazer o que o cliente quer, ter as opções disponíveis da maneira mais flexível possível. Isso temos na nossa estratégia. Neste ano começamos a fazer o primeiro híbrido plugin, aquilo que você bota na tomada também e já com projeções para fazer elétricos também com adaptações. Sabemos que é preciso realmente se preparar para o cenário mais variado possível, acreditando que o mercado brasileiro tem demanda e tem pessoas interessadas nos nossos produtos.