A fibra dos campeões
O último dia da Expogestão começou esportivamente, com as palestras dos multicampeões olímpicos Giovane Gavio e Gustavo Borges. Em comum, as palestras destacaram as virtudes que permitem alcançar alta performance, seja no esporte, seja em qualquer outra atividade profissional: disciplina, treinamento, foco, resiliência…
É preciso querer decidir
Entre “tomar uma decisão” e “decidir um jogo”, Giovane Gavio percorreu uma longa e árdua trajetória. Bicampeão olímpico com duas gerações do vôlei brasileiro, tetracampeão da Liga Mundial, campeão mundial, diversas vezes campeão sul-americano, melhor atacante, melhor bloqueador e melhor jogador de vôlei do mundo foram suas conquistas ao longo de mais de duas décadas como jogador.
Mas a história desse mineiro de Juiz de Fora começou no tatame: “Eu era uma criança ativa, e o esporte parecia um caminho natural. Comecei no judô, onde o professor Jefinho me plantou a primeira semente, a da disciplina”.
Início dos anos 80, o vôlei virava febre no mundo. No Brasil, despontava a primeira geração olímpica. Gavio conta: “Com 16 anos eu saí de casa e fui jogar na base do Banespa, em São Paulo, onde convivi com meu ídolo Montanaro. Claro que aprendi muito com ele”. Mais ainda Giovane aprendeu com o técnico japonês Imai Nobuhiro, responsável por uma revolução no vôlei brasileiro. “ ‘Tua bora no encaixa; tem que fazê baruro’, me dizia ele, referindo-se à minha batida na bola, que não tinha precisão. Treinei muito, até a exaustão, horas diárias batendo a bola contra a parede, até fazer barulho e aperfeiçoar a cortada.”
Aos 20 anos, Gavio foi jogar na Itália, onde alcançou outra meta: ser decisivo. “Eu jogava bem, era titular no clube e na Seleção, mas queria decidir os jogos, fazer o 15º ponto (era tempo dos sets de 15). Então, o time passava a bola pra que eu decidisse. Aprendi a lição: não se livre da bola, goste de decidir. E levei essa lição pra tudo que faço na vida.”
Quando deixou a quadra e virou técnico, Giovane continuou aplicando o que aprendera. E prosseguiu assim, na carreira de empreendedor e palestrante. Receita? Nenhum ingrediente secreto: “Atitude, conhecimento, treinar fundamentos, não ficar apontando erros, fazer sempre o melhor e com paixão. E sonhe: eu sonho com o Joinville Vôlei decidindo a Superliga no Centreventos”.
Dedicação, disciplina e gratidão
Gustavo Borges tinha pai e mãe altos; a genética o beneficiou e também ganhou altura e envergadura à medida que crescia, em Ituverava, interior de São Paulo, onde se criou. “Como era alto, naturalmente as pessoas diziam pra jogar basquete ou vôlei. Meu pai disse que eu só não poderia ser piloto de F1 ou ginete, pois não caberia no cockpit e nenhum cavalo me aguentaria. Mesmo assim, cheguei a praticar hipismo, além de basquete, vôlei, tênis e natação, onde enfim me encontrei.”
Nas piscinas, Gustavo subiu ao pódio dezenas de vezes, como medalhista olímpico e recordista mundial. Às dicas dadas por Giovane Gavio, o nadador acrescenta: “Durma mais, alimente-se bem e pratique atividades físicas”.
Outra lição importante: “Faça o melhor, em qualquer condição. Se você achar que a água da piscina está fria, esforce-se mais”.
Quando treinava nos Estados Unidos, Gustavo Borges formou-se administrador pela Universidade de Michigan. Como técnico, desenvolveu uma metodologia que trabalha aspectos técnicos, educativos e comportamentais, entendendo a natação como meio de educar.
Com mais de 400 academias licenciadas, com cerca de 170 mil alunos e ex-alunos, no Brasil, no Chile e nos Estados Unidos, a Metodologia Gustavo Borges tornou-se a maior rede de natação formativa do mundo.
Hoje, a todas as virtudes citadas, Gustavo acrescenta uma: “Gratidão. Seja grato a todos que te ajudaram em qualquer momento da vida”.