A liderança em tempos de incertezas
A única certeza que temos é a de que vivemos tempos de incertezas em diferentes dimensões: instabilidade política, turbulências econômicas, temor de novas pandemias, constantes mudanças nos hábitos de consumo, ambientes corporativos cada vez menos previsíveis. Com esse plano de fundo, a ExpoGestão 2023 trouxe um dos executivos mais respeitados, admirados e acompanhados em todo o Brasil, Ricardo Basaglia.
Para mostrar como as mudanças são intensas, o palestrante lembrou uma história com Albert Einstein quando se dirigia para aplicar uma prova. Seu assistente correu e o alertou que ele estava aplicando o mesmo teste do ano anterior. As perguntas são as mesmas, argumentou o mestre, mas com tantas mudanças em um ano, as respostas serão outras.
O palestrante resgatou fatos históricos que mostram como o futuro sempre foi assustador para a humanidade. Em 1825, por exemplo, as pessoas temiam que o corpo humano não resistisse a uma velocidade superior a 30 quilômetros por hora, o que levava ao temor de andar em trens que pudessem ultrapassar essa velocidade.
Ao trazer essa dinâmica da sociedade, Basaglia resgatou um dado interessante de um estudo da Michel Page: 91% dos profissionais são contratados por suas habilidades técnicas e demitidos por questões comportamentais. Ressaltou que “habilidades são ensinadas nas escolas e nos treinamentos corporativos, mas ainda pouco se trabalha com as questões comportamentais”.
Outro aspecto fundamental para o desenvolvimento é o aprendizado constante. “O que você aprendeu nos últimos 12 meses que fez diferença na sua carreira? Caso sua resposta for negativa, é necessário rever seus conceitos”, desafiou o palestrante. Também ressaltou a importância da persistência. Muitas pessoas desejam algo, mas não dão sequência. Lembrou que 90% das pessoas que compram cursos on-line no Brasil não concluem.
Continuou explicando que os profissionais que ocupam o que ele chama de “Lugar de Potência” são aqueles que conseguem cruzar o melhor que têm a oferecer ao mundo com o que o mundo realmente precisa. Mas é necessário ter coragem de ser único. E, no mundo corporativo, ser único é um grande desafio, pois as pessoas têm a necessidade de fazer parte do grupo e, ao mesmo tempo, se destacar, sem ser excluído.
No mundo dos negócios, continuou o influencer, as pessoas precisam calcular o custo de transação. “Quando você gosta ou confia em alguém, faz o que ele pede sem custo nenhum. Ao contrário, utiliza todas as barreiras para não fazer ou postergar o pedido”, exemplificou. O primeiro caso tem um custo de transação baixo, enquanto que o segundo, alto.
Entre os grandes desafios da liderança, Basaglia destacou a chamada armadilha do “problema cultural”. Muita gente usa a questão da cultura corporativa como desculpa para não fazer algo. “Isso não vai dar certo aqui, porque a cultura da minha empresa é diferente” é uma frase comum para justificar a falta de empenho ou quando não se sabe a raiz do problema.
Também falou sobre a importância de ter tempo estratégico para reflexão. As pessoas ainda carregam um estigma de que tempo livre é sinal de falta de produtividade. “Aqui vou dar uma dica que trará resultados incríveis na sua vida. A cada 15 dias separe duas horas para refletir profundamente sobre o que aconteceu nos últimos 15 dias”, aconselhou. Ao separar esse tempo é necessário desligar de tudo e fazer uma autoavaliação profunda e traçar planos para as próximas duas semanas.
No fim, explicou que performance é igual a talento menos interferências. O líder precisa saber como potencializar talentos e diminuir interferências de seus liderados. Além disso, disse que todo líder tem quatro papéis: Especialista, quando ele executa suas habilidades técnicas; Gestor, quando monitora e gera recursos e pessoas; Coach, quando treina; e Líder, quando inspira sua equipe. O problema é que a maioria dos líderes gasta muito tempo nas duas primeiras funções e pouco nas outras duas, que são as mais importantes.