Adaptabilidade leva ao sucesso
“Os planos de carreira atualmente são dinâmicos. Não dá mais pra ser como antigamente, quando se exigia que alguém fosse bom em alguma coisa. É necessário ter adaptabilidade.” Quem dá a dica é alguém que se apresenta como exemplo de planejamento dinâmico: Ricardo Basaglia começou como profissional de tecnologia, passou para a área comercial e hoje é headhunter. Ele contou essa e outras experiências em sua palestra na Expogestão 2020 Digital.
Um dos mais influentes recrutadores de executivos do país, Ricardo Basaglia é Mestre em Administração de Empresas pela FGV/EAESP, com extensão pela Universidade de Yale em Behavioral Science of Management. Em 2007, após ter atuado em projetos de transformação digital em grandes corporações, ingressou na Michael Page, onde atua hoje como Diretor Geral, liderando as operações da Michael Page e da Page Personnel em São Paulo.
A falta de adaptabilidade provoca, informa Basaglia, fato como esse: 91% dos profissionais são contratados por questões técnicas, mas são demitidos por motivos comportamentais. “E por que isso? Porque não souberam se adaptar, não mostraram dinamismo.”
Com a evolução da medicina, prevê-se que ainda neste século o ser humano terá cem anos de vida útil. “Não há como ficar tanto tempo numa só carreira, a adaptabilidade será cada vez mais importante. Vejam os exemplos do início do século passado, quando duas profissões se sobressaíam, a de acendedor de lamparina e a de trocador de ferradura; quando vieram a luz elétrica e o automóvel, esses profissionais ficaram sem função, pois não se adaptaram à evolução.”
Essa evolução também acontece hoje em dia: “No RH, por exemplo – prossegue o palestrante –, antigamente a especialização em psicologia era requisito; no marketing, ser criativo era fundamental. Hoje, porém, profissionais de outras formações fazem sucesso nessas áreas, antes tão exclusivas. O problema é que quem está lá dentro não enxerga as mudanças, até perder as posições.”
Adaptabilidade ganha campeonato
“As pessoas gostam de mudar, mas não de ser mudadas” – prossegue o headhunter, defendendo que a adaptabilidade é o que nos faz sobressair frente à média. “Se o QI (quociente de inteligência) te põe no jogo, o QE (coeficiente emocional) te faz ganhar o jogo; mas o coeficiente de adaptabilidade é que te permite ganhar o campeonato.”
Rotina e previsibilidade proporcionam conforto, por isso a adaptabilidade não é da natureza humana. “É tão bom – compara Basaglia – estar no conforto do útero materno… Talvez por sair desse conforto é que o bebê logo chora.”
Ser adaptável é se preparar para o que não foi planejado, como um novo desafio no trabalho ou uma pandemia. “Quem se preparou, está se saindo melhor na crise.”
E não se pode confundir adaptabilidade com flexibilidade: “Flexível é quando você é colocado num contexto extremo, sem romper os valores, mas na primeira oportunidade volta ao que era antes. Na adaptabilidade você aprende, transforma-se e supera o estresse da mudança”.
Enfim, o que faz um executivo alcançar o sucesso? “Adaptabilidade!”