Avaliação dos processos de gestão é necessária numa ação de fusão ou aquisição
Um cenário que se apresenta para turbinar a expansão de uma empresa no mercado está no processo de Fusões e Aquisições (M&A), muito em evidência no meio corporativo, financeiro e tecnológico.
Porém, para ter uma caminhada segura que assegure essa tão esperada ascensão, é primordial seguir uma cartilha que exige segurança jurídica, organização financeira e contábil e um planejamento bem claro sobre onde se quer ir.
No painel “Aceleração do crescimento por meio de fusões e aquisições”, realizado nesta terça-feira (19/10), durante a realização online da ExpoGestão 2021, o advogado e professor de Direito Empresarial, Marcus Alexandre da Silva, o executivo com experiência em investimentos no segmento de tecnologia e sócio-fundador da Oria, Paul Caputo, e o CEO da empresa ASAAS, Piero Contezini, debateram as estratégias necessárias para que os processos de incorporações de negócios ocorram de forma tranquila, segura e com a eficiência que todos esperam.
O advogado Marcos Alexandre da Silva relatou que o mercado de fusões e aquisições está em alta. Segundo pesquisas apresentadas por ele na palestra, até julho deste ano houve 375 operações anunciadas. Esse volume representa um recorde nos últimos 20 anos. Deste total, 205 negócios envolveram empresas do setor de internet e tecnologia de informação.
Os principais atos de formalização de M&A ocorrem por uma integração horizontal, em que dois players com o mesmo produto, serviço e mercado se unem com o objetivo de expandir a clientela. Tem o processo vertical, que envolvem segmentos diferentes, que estão na mesma cadeia de negócios, e que também focam esse crescimento de mercado. E há a operação com conglomerado, que envolve corporações com áreas e mercados distintos, mas tem em comum a expansão do leque de negócios em área diferenciadas.
A experiência de Paulo Sérgio Caputo na área de investimentos em empresas revela que o processo de M&A não deve ser o fim de si mesmo. Ou seja, tem que haver um propósito nesta operação. Por isso é importante estar seguro na estratégia da ação e com clareza no objetivo.
A ASAAS, empresa administrada por Piero Contezini, realizou duas aquisições neste ano. Foi criada uma estrutura para analisar os potenciais de negócios. A companhia fez uma avaliação das empresas em potencial que atendessem as necessidades para formalizar essa expansão, a partir de estruturação interna, com a implantação de unidade de negócios para avaliar esses potenciais aquisitivos.
Gestão e planejamento
Dentro das experiências vivenciadas pelos participantes do painel, as lições priorizadas para quem quer expandir o mercado por meio de M&A estão direcionadas à organização da gestão e o planejamento.
Marcos Silva disse que, durante o trabalho como especialista em assessoria jurídica destes processos, percebe ruídos que sinalizam erros que podem tornar a operação menos exitosa. Ele explicou que as vezes o empreendedor não preparou adequadamente a sua empresa. As demonstrações financeiras, por exemplo, não estão completas. Um outro ponto abordado é que é necessário tempo. Segundo o advogado, a operação de M&A não pode ser extensa demais, por conta de variáveis, mas também não pode ser abrupta, prejudicando a avaliação dos riscos.
“É importante deixar a noiva pronta para o altar. No momento em que se monta o negócio tem que ter a governança, com demonstrações financeiras bem apresentadas, que expelem de forma adequada a situação das empresas, a boa contabilidade é a principal ferramenta do gestor. Outro ponto que muitas vezes é subestimado é a carta de intenções. Sempre tem que avaliar que uma ou outra cláusula é vinculante. Um exemplo é o período de exclusividade. Durante o tempo que estiver a negociação, o fundo tem o direito de exigir que você não negocie com terceiros. E muitas vezes essa cláusula tem prazo extenso. É papel do advogado orientar o ajuste disso. Analisar considerações sobre preços antes de firmar o contrato definitivo”, relatou.
Na visão de Paulo Caputo, o processo de M&A dá trabalho. Por isso as empresas ficam na zona de conforto do crescimento orgânico, sem arriscar em outras e novas oportunidades. Segundo e gestor de investimento, o bom empreendedor precisa ter o M&A como estratégia de negócio para aceleração do crescimento da sua empresa, mas tem que ser feito de forma correta, porque não é fácil integrar. “Meu objetivo a é encontrar empresas boas com potencial de crescimentos. Neste processo, tem que avaliar a empresa, entender a visão de futuro e a capacidade de execução”, destacou.
Para o CEO da ASAAS, o primeiro passo para quem está vendendo ou captando um negócio é ter um advogado de confiança. Piero Contezini observou que quando se entra neste tipo de negociação, tem que estar atento a um possível cenário de discórdia. Por isso é importante definir cláusulas para se proteger de situação deste tipo. “E sempre fazer uma auditoria do negócio para saber como está a saúde financeira, se os dados são verdadeiros. Você é obrigado a gastar energia aprendendo. Não seja rápido na compra. Mature o conhecimento sobre o negócio. Tem que criar um processo mental e de conhecimento para ter a convicção. É um processo sensível que exige atenção”, destacou.
As palestras da ExpoGestão 2021 acontecem de forma online. O evento acorre até o dia 21 de outubro, por meio do site. A organização é da Ópera Eventos Corporativos.