Carlos Aldan, palestrante da Expogestão 2020, traz orientações sobre esta síndrome psicológica moderna
Um dos palestrantes do Congresso na Expogestão 2020 é Carlos Aldan – CEO do Grupo Kronberg/Six Seconds, formado em Antropologia, Sociologia e Ciência Política (EUA) e membro do Conselho Consultivo da Harvard Business Review – na ExpoGestão ele falará sobre ‘Vida Digital x Inteligência Emocional’, e abordará em parte da sua palestra o tema do burnout.
Em um mundo VUCA, a habilidade humana de perceber e gerenciar emoções e saber conviver com a pressão e a mudança é um dos diferenciais que se espera das lideranças. As pessoas, e talvez grande parte delas, no entanto, diante do cenário de rápidas transformações, precisam lidar com o burnout.
Em entrevista ao blog Expogestão, Aldan fala sobre as causas e as maneiras de tratar este esgotamento profissional, classificado como doença pela Organização Mundial da Saúde, e definido como uma síndrome psicológica emergente.
“O burnout aparece como resposta prolongada aos estressores interpessoais no ambiente de trabalho e se manifesta em três dimensões: exaustão insuportável; sentimentos de cinismo e desinteresse pelo trabalho e sensação de ineficácia e falta de realizações”, diz Aldan.
Segundo ele, estudos recentes da Universidade da Califórnia, em Berkeley, identificam algumas situações que podem levar ao burnout:
. carga de trabalho incompatível com a capacidade do indivíduo,
. percepção de falta de autonomia e controle,
. ausência de recompensa e reconhecimento;
. clima organizacional inadequado,
. falta de equidade por parte dos gestores e
. incompatibilidade entre os valores pessoais e os da organização.
É importante ressaltar que nem sempre o estresse é um elemento negativo, tudo depende da maneira como é encarado pelo indivíduo. “O estresse é necessário para nossa saúde, nos dá energia e aumenta nossa produtividade”, explica Aldan, destacando que a realização de um teste anual para verificar o nível de cortisol pode indicar se a pessoa está no nível tóxico de estresse. Estes casos requerem tratamento de acordo com as causas para que seja evitado o estado mental de esgotamento extremo.
Se o problema for o excesso crônico de trabalho, as orientações envolvem de uma noite bem dormida (com 7 a 8 horas de sono, sem interrupções) à delegação de tarefas e ao aprendizado de dizer não para evitar sobrecarregar-se de atividades. Passam, também, pelo abandono do perfeccionismo e pela conexão com o momento presente visando melhor qualidade de vida.
De acordo com Aldan, para lidar com a percepção de falta de controle é preciso ampliar a autoconsciência para entender que emoções e padrões emocionais a situação está provocando. “Pergunte-se o que está sob sua influência e pode ser mudado e o que é preciso negociar com seus superiores”, destaca
Quando o estresse é causado pela falta de recompensa ou reconhecimento, o aspecto-chave é fortalecer a autoconfiança para diminuir o impacto no bem-estar. “Também é importante pensar em alternativas para negociar motivadores extrínsecos, desde formas de remuneração até novos desafios”, explica Aldan.
Questões relacionadas ao clima organizacional e ao sentimento de pertencimento requerem um olhar positivo para a forma como a pessoa pode dar a sua contribuição para um ambiente melhor. Se o problema for em relação à equidade, é preciso conversar com o líder de forma objetiva, articulada e respeitosa em busca de um consenso.
O mais difícil de lidar talvez seja a incompatibilidade de valores. “Se o comportamento de seus gestores e da organização como um todo vão de encontro aos seus valores, talvez seja o caso de procurar ambientes com valores convergentes as seus”, completa Aldan.