Cultura como alavanca em processos de mudança
Desde 1971, a Embraco teve sua trajetória marcada por movimentos de crescimento e globalização que foram acompanhadas por revisões da cultura e adoção de novos comportamentos. Em 2019, foi incorporada à Nidec, gigante mundial de capital japonês, e desde então vem passando por constantes mudanças, acompanhadas de investimento em tecnologia e geração de valor.
Testemunha ativa e provocativa de todo esse processo, na Embraco há mais de 30 anos, Lainor Driessen, presidente da Divisão de Commercial Appliances da Nidec Global Appliance, falou sobre como a cultura corporativa conseguiu manter o DNA dos valores empresariais, em meio a tantas evoluções.
O executivo explicou por que a cultura é tão relevante para os negócios da companhia. O mercado muda sua dinâmica, o escopo do negócio muda e, no caso da Embraco, também houve mudança de acionistas. Considerando toda essa dinâmica, essas mudanças nos cenários é fundamental utilizar a revisão da cultura para fazer o direcionamento necessário para alcançar os resultados. Lainor Driessen trouxe alguns conceitos sobre cultura organizacional que, em resumo, mostram que “cultura é o que as pessoas fazem quando ninguém está dizendo o que fazer”.
Na Nidec Global Appliance a cultura tem tido um papel fundamental na consolidação dos resultados. A companhia deixa muito claro sua visão e estratégia, mostrando como fazer para alcançar a excelência nos resultados. Para isso utiliza todos os rituais, símbolos e práticas porque acredita que a transformação acontece quando a massa dos indivíduos adota novos comportamentos alinhados com o direcionamento estratégico da organização.
Driessen aproveitou o momento para contar um pouco da história da Embraco, companhia fundada em 1971, em Joinville/SC, para substituir a importação de compressores para o mercado brasileiro. O que era um sonho, foi ganhando proporções maiores e no final dos anos 70 a Embraco já ganhava o mercado internacional. E na sequência, ao longo dos anos 90, passou por um processo de expansão, estabelecendo-se como multinacional de referência, com plantas na Itália, China e Eslováquia. E para isso necessitava, a cada fase, se reinventar e passar por uma renovação cultural. Já no início dos anos 2000, a Embraco não era apenas a maior de seu segmento mas também líder de mercado. Em 2006 uniu-se à americana Whirlpool e em 2019 incorporada à gigante mundial Nidec, de capital japonês.
A união de duas gigantes, com foco em B2B, traz uma série de vantagens competitivas. Ambas dedicam a força da tecnologia e da inovação para a expansão de seus negócios. A Embraco passa então a ser uma marca do grupo Nidec, dentro da divisão chamada de Nidec Global Appliance. Assim, o reconhecimento global da Nidec veio para complementar a marca Embraco. Só para se ter uma ideia da força da marca, um em cada 5 compressores herméticos do mundo é Embraco.
Com mais de 15.000 funcionários distribuídos em 9 países, a Nidec Global Appliance fabrica e comercializa componentes para aplicações domésticas e residenciais, incluindo soluções em refrigeração, motores para máquinas de lavar, secadoras de roupa e lava-louças, assim como componentes para sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado (HVAC). A divisão faz parte da Nidec Corporation, líder global na fabricação de motores e componentes, com sede no Japão, que tem 120 mil funcionários, mais de 330 empresas presentes em mais de 40 países.
O ano de 2019 foi extremamente dinâmico para a companhia com a incorporação pela Nidec. Foi necessário um trabalho de adaptações e sinergias extremamente acelerado entre as duas organizações, com planejamentos e estratégias para o futuro. Também houve um crescimento de 10 para 15 mil colaboradores, 11 para 18 unidades, 1 para 5 marcas. Para sustentar toda essa mudança e direcionar uma nova cultura capaz de engajar o time a um movimento para a mesma direção a companhia desenvolveu um trabalho intenso de mobilização interna. O novo jeito da Nidec Global Appliance de trabalhar foi sendo criado, com muita agilidade e processos eficientes.
No final de 2019 a empresa tinha todo um planejamento elaborado para essa mudança de cultura. E, em 2020 veio a surpresa da pandemia, que mudou a maneira de executar as ações. “Tivemos, então, que nos reinventar duplamente. Precisamos rever a cultura e de uma forma diferente de trabalho”, explicou o executivo. A empresa intensificou seu planejamento para organizar como seriam realizadas as ações para que não se perdesse conteúdo nos processos virtuais. Foram ouvidas pessoas em todos os continentes e analisadas as sugestões e comentários. Nesse processo colaborativo, a empresa passou a analisar o que era positivo e o que precisaria ser mudado ou revisto. Dessa forma, explicou Driessen, a companhia conseguiu alinhar a nova cultura.
O resultado desse processo de revisão da cultura foi uma plataforma cultura da Nidec Global Appliance que definiu os cinco grandes pilares de sustentação cultural: desafiar o custo e crescer para o futuro; colaborar sem barreira; inovar para diferenciar; agir com agilidade e de forma correta; ser aprendiz e ativista do desenvolvimento. Cada um desses pilares gerou comportamentos desejados, que serão motivados nas pessoas para que os resultados sejam alcançados. Para que tudo isso pudesse ser disseminado, houve uma participação e comprometimento de toda a liderança, com o envolvimento direto do CEO da Nidec Global Appliance, Valter Taranzano.
Driessen explicou que a mudança de cultura não é um projeto, é um processo que continua e se consolida com a prática diária. Na Nidec Global Appliance começou com a primeira onda, focada na liderança. Em seguida, a companhia seguirá com a disseminação, com revisão de processos, planos e rituais em todas as áreas, além da comunicação em massa. Por fim, a esperada mudança em comportamentos, processos e dinâmica de trabalho.