Para tratar do tema “Cultura de valores como caminho para o alto desempenho”, a Expogestão 2020 apresentou o pensamento de Guilherme
Marback, graduado em Economia pela PUC Salvador, com MBA Executivo pelo IBMEC, tendo atuado por mais de 20 anos como executivo de empresas de grande porte e atualmente na Crescimentum, organização parte do Cegos Group, líder internacional em treinamento e desenvolvimento.
Introduziu tema explicando que gestão de cultura precisa ter foco em resultados. Sim, cultura tem relação direto com pessoas felizes, realizadas, mas sempre com foco no resultado. Pesquisa feita com as 500 principais empresas que participam da Bolsa de Valores de Nova Iorque mostra que as companhias com uma gestão de cultura mais forte são consideradas as melhores para se trabalhar e os ativos dessas organizações se destacam positivamente e são mais resilientes, capazes de reagir de forma mais rápida às crises.
Ao falar de cultura não é possível deixar de refletir sobre a nova geração de profissionais. Pesquisa recente da KPMG com acadêmicos em final de curso aponta características das organizações que eles desejam começar suas carreiras. Empresas que tenham visão de futuro empolgante foi item citado por 92%. Companhias que alinham os valores pessoais com os corporativos teve 90% de menções e empresas que fazem a diferença no mundo foram mencionadas por 89%. Além disso, 79% citaram empresas que tenham um forte senso de propósito. O levantamento também questionou sobre a probabilidade deles trabalharem na mesma empresa em toda a carreira. Para surpresa 49% afirmaram que é possível, 25% que é provável, 16% provavelmente não e 9% muito provável. A pesquisa leva a reflexão sobre o que está faltando para as organizações conseguirem reter seus talentos. Será a falta de propósito?
Assim, continuou Marback, as empresas precisam ter uma identidade organizacional e propósito muito claros. Infelizmente alguns executivos ainda acham que esse negócio de missão, visão, valores, clima organizacional é um modismo, que não serve para nada. Claro, pouco ajuda, se não refletir o que realmente a empresa é e o que quer ser. Por isso é fundamental que o empreendedor tenha a clareza do que é a sua organização.
O palestrante apresentou o conceito de que a cultura de uma organização é o conjunto de padrões de comportamentos que são encorajados ou permitidos pelos seus sistemas, mecanismos de controle e símbolos. Isso tudo segue em permanente evolução a partir dos valores e crenças dos líderes do passado e do futuro. Afinal, a cultura é formada pelo que os líderes demonstram valorizar, especialmente por aquilo que fazem e não somente pelo que dizem.
Os valores da organização estão relacionados com as necessidades humanas e orientam as sensações, emoções e pensamentos, e que acabam gerando os comportamentos. Com isso em mente, Marback voltou a destacar que esse conceito de cultura, se não for focado em resultado, não terá relevância. Então, o alinhamento cultural precisa de estratégia, que é executada pela liderança, que é transformada em planejamento, em orçamento, em ações, e tudo isso permeado pela cultura, muitas vezes de maneira intuitiva.
O palestrante da Expogestão também abordou as camadas da cultura organizacional. No centro estão os valores e as crenças que orientam todo o processo, seguido por sistemas, regras, procedimentos e processo decisório que, por fim, alcançam os comportamentos e rituais que se espalham pelo ambiente, artefatos e símbolos. A gestão da cultura significa cuidar de tudo isso, que, no final, vai gerar comportamentos e resultados. Um dos erros cometidos é definir um valor, divulgá-lo mas, na prática, ele não acontece. Por exemplo. Se a companhia define como valor o trabalho em equipe, mas premia e recompensa o esforço individual passa uma mensagem dúbia e confusa.
A Crescimentum desenvolveu a metodologia dos 5Cs da Cultura. Marback explicou que o primeiro passo é compreender a cultura da empresa. Para isso é necessário utilizar uma metodologia adequada para entender a fundo essa cultura, o que precisa mudar, reforçar, implantar. Explicou com mais detalhes o modelo Barrett, que trabalha de forma humanista a compreensão dos valores de uma organização. A metodologia segue pelos estágios de sobrevivência, pertencimento, diferenciação, individualização, auto atualização, conexão e contribuição. Essas necessidades humanas se conectam com valores culturais. Em seguida vem o Comprometer, que envolve um trabalho forte de alinhamento com a liderança, definindo a identidade e as diretrizes de transformação. O terceiro C é Co-Criar, que monta a estrutura para sustentar a transformação, com os planos de ação definidos. Depois disso é o Construir, que é o momento de incorporação da nova cultura, em que entra a execução propriamente dita. E, por fim, e não menos importante, é o Conferir. Neste momento é hora de mensurar, medir, aprender e realimentar o processo que deve ser contínuo.
Tudo isso leva a uma nova experiência organizacional para gerar resultados. O caminho indica a necessidade de mudar o foco, tirando um pouco o olhar da performance e direcionando em pessoas. É menos controle e mais adaptabilidade. Tem que confiar que as pessoas estão realizando seu trabalho de forma adequada em home office. É preciso sair da experiência de uma simples hierarquia para o trabalho em conjunto. Esses são valores que, cada vez mais, permeiam organizações do mundo todo. Isso tudo é pautado em colaboração.