Empresas têm testado a jornada de quatro dias com o desafio de manter a produtividade
Pesquisa do Reino Unido referente a semana de quatro dias, também está sendo feita no Brasil e em outros 11 países. O estudo é conduzido pela 4 Day Week Global em parceria com a Reconnect Happiness at Work e a Boston College. O resultado do Reino Unido levou 91% das empresas participantes a continuarem no mesmo sistema. O teste foi realizado durante seis meses com mais de 60 empresas britânicas, pagando 100% do salário para funcionários trabalharem 80% da carga horária.
De acordo o relato de trabalhadores, a saúde e a sensação de bem-estar melhoraram muito e tiveram mais tempo para fazer atividade física. Os profissionais disseram se sentir menos estressados e ansiosos, estarem mais satisfeitos com o trabalho e a vida em geral, além terem gasto menos com transporte e de terem mais tempo para ficar com os filhos.
No Brasil, um grupo de 21 empresas e instituições participam da pesquisa global sobre a semana de quatro dias. As empresas têm autonomia para decidir o dia que os funcionários irão folgar e, depois de seis meses decidiram se continuam ou não com esse esquema de trabalho. As companhias são do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Campinas e Porto Alegre.
Pesquisa realizada pela ManpowerGroup, mostra que 4 entre 10 profissionais abririam mão de 5% do salário para trabalhar quatro dias da semana. Em contrapartida, uma em cada 10 empresas considerariam oferecer esse modelo de jornada.
Passou da hora
Em reunião na Comissão de Direitos Humanos (09/10), o ministro do Trabalho e emprego disse que a economia brasileira “suportaria” uma jornada de quatro dias. Na opinião do ministro, o debate já passou da hora.
A redução de jornada também é tema de projetos em discussão no Congresso Nacional e estão ganhando destaque depois da adesão de empresas brasileiras a esse estudo de quatro dias de trabalho por semana. Os projetos de lei não se referem à redução de dias trabalhados na semana. Eles propõem a redução das atuais 44 horas de trabalho semanais estipuladas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A proposta prevê o limite de horas trabalhadas semanais de, no máximo, 36 horas, sem redução do salário.
Outra proposta em tramitação na Câmara dos Deputados propõe a redução de jornada de trabalho para 36 horas semanais em um prazo de 10 anos. Segundo argumentação do proponente, a medida poderá gerar mais de 500 mil novos empregos apenas nas regiões metropolitanas.
De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a redução da jornada para 40 horas semanais geraria mais de 3 milhões de novos postos de trabalho e a diminuição para 36 horas semanais, seriam gerados cerca de 6 milhões de empregos.