Equações impossíveis exigem criatividade
O dia a dia, seja no trabalho seja nas relações pessoais, é cheio de desafios que formam as “equações impossíveis”. Para resolvê-las, exige-se muita criatividade. “Os líderes devem ter a capacidade de fazer abstrações, de ver as possibilidades que as incertezas trazem”, resume Oscar Motomura, CEO do Grupo Amana-Key, coordenador-geral do APG – Programa de Gestão Avançada Amana-Key e primeiro palestrante da 17ª edição da Expogestão.
Renomado profissional da área de gestão, Motomura influenciou, nas últimas décadas, mais de 500 das maiores empresas do Brasil, nacionais e multinacionais, de variados setores, como Fiat Chrysler, Magazine Luiza, Johnson & Johnson, O Boticário, Embraer e Banco do Brasil.
Motomura iniciou a carreira aos 16 anos como office boy em um banco multinacional, em São Paulo; aos 26 já era diretor da empresa. Voltado à inovação, fundou a Amana-Key, empresa que se tornou referência no país em educação executiva e consultoria em gestão, estratégia e liderança.
Em sua palestra, Oscar Motomura elencou pontos importantes no esforço de vencer as tais “equações impossíveis”, começando pela capacidade de fazer abstrações. “Até uma pergunta do filho de 5 anos pode inspirar, assim como a cena de um filme. O dia a dia fornece ideias o tempo todo. Tudo é uma questão de prática, como artes marciais ou música. É essencial desenvolver refinadamente a capacidade de fazer abstrações.”
O palestrante ilustrou este ponto com o exemplo da Estônia, que em 2008 resolveu o problema do lixo poluindo as florestas a partir da iniciativa de um cidadão. “O que o governo – detalhou – levaria anos para fazer, a um custo de alguns milhões de euros, resolveu-se em um dia, ao custo de meio milhão de euros, graças à iniciativa individual, transformada em esforço coletivo.” No caso estoniano, entrou na resolução da equação outro ponto importante, que é o mutirão como gabarito. “A iniciativa – reforçou o palestrante – provocou engajamento pela solução.”
Do mutirão, o quadro segue para o termo “agorismo”, ou seja: resolver já. “É o oposto de futurismo, que aposta nos planos muito elaborados. Agorismo significa menos planos e mais ação”, explicou Motomura. A ilustração apresentada por ele foi o episódio do acidente nuclear em Fukushima, no Japão: “Um cidadão queria notícias de familiares que estavam na cidade. Iniciou um esforço, via internet, que se transformou na maior rede mundial de monitoramento de pontos de radiação no planeta”.
“Quer vender uma ideia? Não vá à cúpula, convença lateralmente, reúna o maior número de pessoas em mutirão, até que a ideia seja uma solução irreversível.” Assim Motomura ilustrou o conceito de “transcendência do hierárquico”. Numa empresa, por exemplo, é mais fácil vender uma ideia à cúpula depois de convencer o maior número possível de colegas.
Por isso, é necessário que os líderes entendam de gente: “É preciso criar contextos que libertem a criatividade. A gestão de mudanças e transformações requer competências sociais e políticas, numa tomada de consciência em elevação contínua, visando ao bem comum. Ver a cidade dentro do estado, mas também nos contextos nacional e mundial. Importar-se com todos os seres vivos”.
Por fim, Motomura destacou a importância de desenvolver o senso de julgamento: “É a sabedoria por trás de cada decisão”.