• ExpoGestão
  • min

Estratégias para um futuro incerto

 

Planejar, executar, corrigir, planejar, executar, corrigir… Executivos brasileiros precisam lidar de forma intensa com o dilema de um planejamento muito bem elaborado e as variáveis constantes. Nesse contexto, liderar uma empresa no Brasil requer muita flexibilidade e uma capacidade infinita de gestão da ambiguidade e de tomada de decisões de longo prazo, enquanto se vivencia um tiroteio de incertezas de operações no curto prazo.

Para discutir um tema tão crucial e complexo, a Expogestão convidou dois profissionais responsáveis por empresas de destaque em setores completamente distintos, mas unidos pelo mesmo desafio de perseguir o longo prazo, independentemente das reviravoltas cotidianas: Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil; e Fernando Cestari de Rizzo, Presidente da Tupy.

Segundo Cadier (foto abaixo), o maior desafio é como preparar o futuro com um grau tão grande de incertezas. Maior companhia aérea da América Latina, a Latam – fruto da fusão da chilena LAN com a brasileira TAM – gerou, em 2018, o mais alto lucro (US$ 182 milhões) desde sua criação, em 2012.

O CEO apontou números que mostram o potencial da aviação comercial, que, no mundo, vem crescendo acima do PIB. No Brasil, o número de viagens por pessoa é de 0,5 ao ano, enquanto no Chile é de uma e nos EUA, duas. Isso mostra que há espaço para crescimento. No Brasil é mais barato voar do que nos EUA, mesmo com um custo 30% maior para operar.

Trabalhar com aviação comercial é complicado, especialmente porque o segmento enfrenta muitos riscos e variáveis constantes. O planejamento estratégico está sujeito a erros. “Temos que tomar a decisão de que tipo e de quantos aviões vamos comprar hoje para operar daqui a 12 anos”, exemplificou Jerome.

Por isso, a execução da estratégia é muito mais importante do que o próprio planejamento. Essa execução implica em alguns fatores fundamentais. É necessário ser flexível e preparado para alterar o modo de fazer.  Outra capacidade que precisa estar presente é a de transformar. Para isso, a Latam valoriza a diversidade, as pessoas com outra visão, as ideias e soluções diferentes. E isso tudo de forma muito rápida. Para isso, a companhia monitora indicadores diários e claros, e, principalmente, tópicos que podem ser influenciados para produzir resultados futuros.

Fernando de Rizzo, presidente da Tupy – companhia sinônimo de arrojo, inovação, internacionalização e resiliência – também participou da Sessão Estratégia. Ao longo de oito décadas, a atuação da empresa sempre foi pautada por visão estratégica de longo prazo, o que explica sua robustez no cenário mundial.

E ninguém melhor do que Fernando de Rizzo, que assumiu a presidência em 2018 e tem 26 anos de trajetória na Tupy, iniciada como estagiário, para falar de uma empresa que transforma, anualmente, 600 mil toneladas de sucata de aço em produtos com alta tecnologia. Uma empresa que faturou R$ 4,8 bilhões em 2018 e cresceu 40% a mais que o PIB brasileiro nos últimos 10 anos. Uma companhia que emprega 14 mil colaboradores e tem 18 mil pessoas físicas que investem em suas ações.

A Tupy desenvolve seu planejamento com dois paralelos: a estratégia e a execução. Exemplificou com o debate estratégico que a Tupy vem realizando sobre energia. Apresentou, com números e fatos, um cenário que fundamenta a estratégia para os próximos anos. A companhia continua investindo em grandes campos negócios: agricultura (produção agrícola precisa crescer entre 60% e 110% até 2050); transporte de carga (aumento do consumo de bens que exige mais logística e transporte); e infraestrutura e construção (estruturas envelhecidas e insuficientes). Rizzo mostrou que haverá demanda de mais de 30% de energia até 2040 e que, atualmente, o uso de energia eólica e solar representa apenas 2% da matriz energética – e a transição das energias não renováveis para as renováveis será lenta. Com esse cenário e outros que são analisados cuidadosamente pela Tupy, a companhia tem sua estratégia focada em produtos para bens de capital, aquisições e componentes de alta complexidade, com uma manufatura avançada e preocupação constante com a sustentabilidade.