Liderança sem preconceito
Manter o engajamento da equipe é um desafio constante dos gestores. Nas corporações, sempre há ações voltadas para manter o clima interno adequado para que as metas, projetos e planejamentos sejam executados com a expectativa projetada pelas lideranças.
Fazer isso se tornar real e constante é um desafio para os gestores. Na palestra “Liderança nua e crua”, realizada nesta quinta-feira (21/10) na ExpoGestão 2021, a especialista em remodelagem comportamental Livia Mandelli, disse que quem faz a diferença para inspirar as pessoas é o grau de responsabilidade do gestor.
Segundo a mestre em liderança, as pessoas precisam querer fazer as coisas pelos seus líderes. “Liderar não é fazer as pessoas realizar as tarefas, mas que elas queiram fazer. Sentir o engajamento com a liderança. Quando as pessoas desistem dos seus líderes, deixam de ter resultado. Abandonam e acabam indo fazer outra coisa”, comentou.
O desafio é inspirar as pessoas e entender os comportamentos dos gestores. Na posição de liderança que engaja, os colaboradores observam e se moldam na forma de ser e agir do líder.
Segundo Lívia, mais de 90% dos problemas com os liderados estão relacionados ao comportamento. Conforme a palestrante, a ação para fazer acontecer envolve estar junto com as pessoas. Para isso é necessário demonstrar o altíssimo nível de responsabilidade que as atitudes dos líderes representam.
“Os desafios da liderança são maiores porque exigem um foco nas pessoas. E precisamos primeiro liderar a nós mesmos, entendendo que essa responsabilidade exala valores. E, se bem usada, traz bem-estar, engajamento e resultados positivos. O comprometimento organizacional das pessoas deriva de atitude certa dos líderes”, explicou.
Uma das situações que revelam graus de comprometimento da equipe está relacionada com a questão de gênero. Com especialização internacional em comportamentos humanos, Lívia disse que, de forma inconsciente, as pessoas se comportam de maneira mais engajadas com pessoas do mesmo gênero.
O que quer dizer que o comportamento masculino, que leva o homem ao sucesso, não são os mesmos que levam as mulheres ao sucesso. “Se for pedido qual é o nome de um líder de sucesso, a resposta é de um homem porque o status quo da liderança é masculino. Por isso, as mulheres costumam moldar os seus comportamentos apresentando os do estereótipo masculino, pois são atitudes que revelam fatores de sucesso”, explicou.
Porém, essa atitude, exercida pelas mulheres, são repelidas pela equipe. “Porque inconscientemente, as pessoas esperam um comportamento das mulheres vinculado ao estereótipo feminino”, complementou.
Lívia exemplifica. Segundo ela, um homem muito direto, muito assertivo, firme nos negócios é visto como um excelente gestor. Mas uma mulher muito direta e assertiva está com TPM. Ou seja, tem um preconceito nesta análise.
A orientação repassada aos gestores é trabalhar a inteligência emocional. O líder tem que ter altas dose de empatia, se colocar à disposição para ajudar e ter autocontrole para não cair nas ciladas criadas pelos preconceitos.
“A atitude do líder nas empresas pode destruir ou construir vidas ao seu redor. Para ter um ambiente organizacional mais justo e igualitário, é importante sair de uma ação inconsciente e partir para uma ação mais consciente e das atitudes derivada delas. Temos que perceber quanto os nossos julgamentos estão interferindo na forma como nos relacionamos com as pessoas. O respeito de verdade tem nível zero de julgamento”, disse.