O Brasil mudou e continua mudando. Por isso, entender o que pensa e o que quer o consumidor é cada vez mais difícil. Então, é possível fazer essa leitura? Como decodificar aquilo que o consumidor valoriza? Quais são os erros que o mercado publicitário comete? Como avaliar os impactos de tendências como o envelhecimento da população e o empoderamento feminino?
Para responder a essas e outras questões, a Expogestão 2019 trouxe um especialista em mercado: Renato Meirelles, fundador e presidente do Data Favela e do Data Popular, coautor dos livros “Guia para Enfrentar Situações Novas Sem Medo” e “Um País Chamado Favela”.
Membro do conselho de professores do IBMEC, Meirelles é o titular da cadeira de Ciências do Consumo e Opinião Pública e já conduziu centenas de estudos sobre comportamento, consumo, cultura e opinião, liderando diagnósticos e estratégias de negócio para as principais empresas que atuam no Brasil.
“Entender de gente é cada vez mais complexo”, afirmou Meirelles, resumindo os dilemas enfrentados pelo mercado publicitário na tentativa de entender o consumidor. “Cada número numa planilha de Excel – exemplificou – é a representação estatística de um consumidor. Só que as pessoas mentem, mesmo quando querem dizer a verdade.”
Simplificar essa complexidade do ser humano exige conhecer todos os vieses dos dados, entre eles a origem desses dados, a preditividade (tentar justificar o que vai acontecer pelo que já aconteceu) e a experiência imediata (sempre há um fator externo recente que influencia a próxima decisão). “Entender o ponto de vista do consumidor é questão de empatia”, reforçou o palestrante.
Há ainda outro fator importante: o risco das noções pré-concebidas: “O que valia para o consumidor do século 20 já não vale para o do século 21. As coisas são menos óbvias do que imaginamos, e as mudanças de longo prazo impactam profundamente no comportamento dos brasileiros.
Para ilustrar, Renato Meirelles mostrou diversos gráficos e quadros estatísticos, com informações colhidas em pesquisas. Exemplo: apesar de 55% da população brasileira se declarar negra ou parda, 94% dos negros não se veem representados pelas marcas e 61% afirmam que comprariam produtos de marcas que contemplassem negros em sua comunicação.