O que inspira é a jornada
“Eu vivo intensamente a vida que Deus me dá, cuidando do corpo, da mente e da alma.” Com essa afirmação, o empresário Vicente Donini abriu a última palestra do dia inicial da ExpoGestão 2023. Presidente do Conselho da Marisol, presidente da Santinvest, fundador e presidente da Vinícola Vivalti, Donini resumiu sua jornada, iniciada aos 12 anos de idade. “Meu pai – relembra – me perguntou, assim que concluí o ensino primário, se queria continuar estudando ou preferia trabalhar. Escolhi trabalhar, e fui pintar cercas em Jaraguá, minha cidade.”
Seguiram-se o primeiro emprego, numa gráfica, aos 14 anos. Em 1958, começou no antigo Banco Inco, trabalhando em diversas funções. Depois, em
1961, participou da criação da WEG, onde entrou em 63, como diretor. Saiu em 1991, para assumir a presidência da Marisol, empresa fundada pelo irmão Pedro. Sucedeu-o, em 2008, o filho Giuliano, permanecendo Vicente no Conselho de Administração. Em 2015 fundou a Vinícola Vivalti, sua principal ocupação hoje, aos 80 anos, além de assentos em conselhos administrativos de algumas empresas.
Objetivo e jornada
“Ter um objetivo, um norte – diz Donini – é muito importante; porém, o que conta é o caminho, a jornada, as pessoas que estão a nosso lado, os recursos de que dispomos, os erros, os aprendizados…” Entre esses aprendizados, o empresário destaca saber a hora de mudar: “Não podemos envelhecer no cargo, precisamos abrir espaço para quem é melhor do que nós. Foi por isso que, em 1991, deixei um ótimo cargo na WEG, para assumir novos desafios na Marisol. Depois, abri espaço para meu filho. Devemos ter em mente que a mesmice mata e que o poder provoca a solidão. Infeliz de quem se apaixona por um produto; tem que se apaixonar pelo negócio, se cercando de pessoas melhores do que você”.
Vicente Donini listou algumas de suas crenças, como os ativos: “Os ativos fixos se depreciam, enquanto os intangíveis potencializam”. O crédito: “Ter crédito é ter credibilidade, a maior das instituições humanas”. A coerência: “Somos infinitamente mais observados do que ouvidos. Nosso discurso é efêmero, o que fica são os exemplos”.
Donini valoriza intensamente o tempo, alertando: “Se for perder tempo, perca o seu, nunca o de outrem. Tempo é o mais precioso dos bens”. Da mesma forma, valoriza os erros, “fonte inesgotável de aprendizado”. Duas frases resumem a jornada de Vicente Donini: “Os grandes feitos são a somatória de pequenos acertos. As grandes perdas resultam da soma de pequenos erros”. Para ele, “planejamento, racionalidade e disciplina na execução são pressupostos de ganhos. De nada adianta montar um ótimo planejamento e ter racionalidade, se a execução for frouxa”.
Quando se aposentou das atividades executivas, Donini foi provocado: “Por que não vai morar no seu belo apartamento em Balneário Camboriú? Mas o que vou fazer em Camboriú o tempo todo? Daqui a pouco tô frequentando boteco, arrisca me apaixonar de novo, o que vou dizer lá em casa?…”. Assim, em vez de se aposentar, Vicente Donini preferiu continuar integrando conselhos de administração e fundou uma vinícola. Onde continua trabalhando.