Por que os jovens têm tanta pressa na carreira?
Qual o peso das transformações do mercado neste sentimento de urgência?
Quais as missões da liderança das empresas e das equipes neste contexto?
Estas foram algumas das reflexões trabalhadas no Seminário Executivo de Liderança realizado durante a ExpoGestão 2022. O encontro dirigido a empresários, presidentes e CEOs foi conduzido por Pedro Mandelli, sócio-diretor da Mandelli & Loriggio Consultores Associados, mentor e consultor nas áreas de liderança e gestão da performance.
Em sua reflexão, Mandelli resgata um olhar histórico, destacando que os jovens cresceram ouvindo os pais falando de dificuldades no trabalho, em um ambiente de terceirizações, downsizing, reengenharia e fusões. Nesta perspectiva, é compreensível que haja dificuldades para o jovem ter paixão pelo ambiente organizacional – o que aumenta o desafio da liderança.
Outro ponto importante é a alta habilidade cognitiva do jovem e a fome permanente por novos aprendizados. “Ele aprende rápido o que tem de fazer. E quando percebe que vai continuar fazendo durante algum tempo o que já aprendeu conclui que vai emburrecer”, ilustra Mandelli.
É neste momento que o jovem ou pede aumento de salário, uma espécie de cobrança pelo “emburrecimento”, ou busca novos desafios – dentro ou fora da empresa. Por isto parece tão apressado.
O problema não está no jovem
“Só é possível reter as pessoas se as empresas crescerem mais rápido que elas. Os jovens têm uma velocidade que nossos negócios não têm. E o problema não está no jovem; está na organização que não se preparou para se modernizar e lidar com estas características”, alerta o especialista.
Neste universo em que o ser humano é a peça fundamental, o papel da liderança faz a diferença entre o sucesso e o fracasso. “Cabe às lideranças executarem três movimentos: indicar o caminho, criar um ambiente que valha a pena e formar um time que entregue valor superior ao mercado. Não há novidade nisto. A questão é que mudou a forma de fazer esses movimentos porque pessoas e negócios se transformam cada vez mais rápido”, observa.
O especialista resume o desafio: o ser humano se transforma, com perspectivas e necessidades diferentes, o que deixa a liderança sem respostas. E indica a solução: a liderança exige permanente e árduo processo de aprendizado, treinamento e autoconhecimento para compreender seu papel na vida dos liderados.
“Já não basta ter a pessoa certa no lugar certo. A liderança precisa compreender que o caminho é trabalhar com a pessoa certa no lugar certo e pelo tempo certo”, conclui Mandelli.