
Lideranças, em qualquer ramo de atividade, acumulam experiências durante suas trajetórias. Essas experiências são como uma poupança, se acumulando e rendendo dividendos, seja em forma de conquistas, seja em frustrações que se tornam aprendizados. A Expogestão reuniu uma trinca de gestores para compartilhar suas vivências: mediado por Célio Luiz Valcanaia, conselheiro e sócio do Renaissance Executive Forums-SC/PR, o painel Lições de Ouro da Excelência Corporativa reuniu Luis Lobão, conselheiro, professor de estratégia e governança e autor de diversos livros, e Sandro Sambaqui, diretor das unidades Vega e Contagem da ArcelorMittal e CEO da ArcelorMittal Tuper.
“Transmitir nossa experiência, o que vivemos, é nossa intenção”, resumiu Valcanaia. Professor Lobão, em vias de lançar seu 15º livro, que o levará ao Caminho de Compostela, diz que vai se “colocar numa posição desconfortável nesta jornada”. Sambaqui resumiu sua trajetória, que há duas décadas o levou a uma empresa que ainda nem existia: “Acredito demais nas escolhas que fazemos, são elas que traçam nosso destino”.
Como harmonizar gerações?
O conflito geracional vem sendo tema recorrente nestes tempos, quando até quatro gerações dividem espaço nas corporações. Para o executivo Sandro Sambaqui, harmonia é a chave: “As gerações antigas precisam aceitar a velocidade dos novos. Nunca se pode segregar gerações diferentes. A escuta ativa é a melhor forma de preparar times mais jovens para a sucessão”.
Lobão citou o exemplo de uma empresa familiar, onde quatro gerações trabalhavam simultaneamente. “A ideia de passagem de bastão mudou, hoje exige-se sinergia e respeito entre as gerações. Uma boa sucessão depende de levantar um bom inventário de competências, preparando líderes.”
Valcanaia citou a necessidade de ouvir mais: “Há tantos cursos de oratória, mas nunca vi um de escutatória”. A escuta ativa também foi destacada pelo diretor da ArcelorMittal: “Vejo uma dificuldade dos novos líderes de se conectar com os times, de ouvir perguntas difíceis. Saber ouvir gera confiança”.
Viver sem celular?
Novamente a escuta ativa foi citada, no debate sobre o uso/abuso do celular. “Hoje não dá para viver sem celular. O que se espera é equilíbrio, saber usar”, reflete Sandro Sambaqui. Lobão vai na mesma linha: “O celular é o novo cigarro. Uma pessoa checa seus toques de aviso 600 a 700 vezes por dia. Não é necessário, melhor desativar os avisos, ser proativo, utilizar o smartphone como uma escrivaninha. Uma forma de potencializar o trabalho é usar estrategicamente a IA”.
Como um líder indica o sucessor?
Os três debatedores concordam: a preparação de sucessor deve ser constante. “Hoje – diz Sambaqui – os ciclos são mais curtos, as mudanças são rápidas. Eu já mudei nove vezes na empresa, e só cresci quando perdi espaço. A identificação de talentos ajuda a preparar a sucessão.”
Lobão concorda: “Quer crescer? Prepare o sucessor. Um bom líder tem que ser olheiro do time, gostar de gente, olho no olho, resolver problemas, manter alinhamento com a equipe”.
Alinhamento, escuta ativa, proximidade com o time, capacidade de resolver problemas complexos, saber usar dados, capacidade de utilizar a inteligência coletiva, o líder não se afastar da operação, estar sempre preparado para a sucessão e manter proximidade com a academia foram aspectos apontados pelos painelistas como competências-chave para alcançar uma liderança de excelência.