Pandemia revelou as faces da liderança e um caminho para o futuro
Ao analisar os efeitos da pandemia na sociedade, o executivo de uma empresa fundada em 1907 no Reino Unido, com experiência em atuar como professor universitário e participante de conselhos administrativos e institucionais, fez uma leitura bem crítica do que esse cenário de coronavírus revelou no ambiente corporativo.
Para Anton Colella, a pandemia mostrou as fraquezas dos comandantes das organizações. Durante a palestra “As lideranças e seu compromisso com o futuro”, realizada nesta quinta-feira na ExpoGestão 2021, o executivo não poupou os colegas empresários.
Segundo ele, nestes últimos 18 meses, a liderança foi exposta em um desafio não experimentado antes. Colella disse que a maioria dos gestores não estava preparada para o desafio de lidar com a vida sob a Covid-19.
O empresário disse que a Covid-19 revelou muito no sentido de expor as coisas como realmente são. Mostrou as fraquezas pessoais do antigo estilo de liderança, nas estruturas sociais e organizacionais. E também a alma e a cultura de uma empresa e de um líder como são de fatos.
“A Covid-19 revelou o egoísmo fundamental de líderes e empresas. Não que todas as companhias sejam egoístas, mas o que já existia foi desmascarado. Alguns líderes tomaram péssimas decisões, algumas empresas tomaram decisões ruins e desumanas, que revelaram líderes que buscavam apenas preservar a sua remuneração, sua renda, seu balanço. Entendo a importância disso, é uma responsabilidade tradicional do líder. Mas foi apresentado algo que não era necessariamente bom, que sempre tinha estado lá, mas agora foi apresentado”, comentou.
Executivo da multinacional Moore Global, Colella disse que a pandemia mostrou o quanto as pessoas são solitárias nas empresas. Para ele, essa realidade trouxe à tona a pergunta “temos compaixão no nível humano, na empresa? Como lidamos com pessoas que estão sofrendo? Que estão doentes? Em luto e de um modo mais significativo que fazíamos antes?”.
Ao analisar esses comportamentos, o empresário escocês resgatou uma teoria que diz que quando você é chefe, deve manter a distância das pessoas. E quem segue esse conceito, ficou mais evidente durante a crise sanitária. “Vocês acham que durante uma crise, as pessoas querem distância de seus chefes? Elas querem ficar perto para ouvir o que ele diz sobre o problema. Querem saber o que o líder pensa. A Covid revelou onde há superficialidade nos valores, na cultura e na verdadeira natureza de uma empresa”, contou.
Toda essa análise crítica serviu para ele projetar um novo comportamento das lideranças para o futuro. Uma das ações imediatas sugeria aos gestores que não tem equilíbrio nas suas vidas, vivem estressados e não são compensados com relações sólidas é que repensem essas atitudes.
A pandemia aproximou a morte. Veio à tona uma percepção do curto tempo que é a vida. Isso está fazendo muita gente refletir sobre sua carreira, sobre o que é importante, sobre equilíbrio e saúde.
A ansiedade ficou em evidência. Estima-se que 85% dos líderes corporativo sofram com estresse ou depressão. Isso impacta na empresa. “Como líderes devemos reconhecer e aprender a lidar com a nossa própria ansiedade. Precisamos aprender a ficar à vontade para falar sobre isso, pedir ajuda e ter compaixão. Empresas que demonstraram flexibilidade enraizada em compaixão resolveram os problemas de modo muito mais eficaz”, pontuou.
Mas a pandemia também trouxe lições positivas. A principal para Colella foi o lembrete do que realmente importa na vida é a nossa humanidade, nossa interação, nosso propósito como comunidade, vida familiar e social.
O executivo deixa uma lição para que os líderes têm o poder de ter uma compreensão compassiva das necessidades humanas de seu pessoal. E isso vai ser a chave para criar novos gestores e empresas mais comprometidas com o bem-estar no mundo. E a base para a criação disso está fundamentada em dois princípios: liderança e cultura da empresa.
A proposta apresentada é de criar os melhores líderes em serviços profissionais no mundo.
Como isso os gestores vão desenvolver nas equipes características e personalidade que lhes permitam lidar com o mundo incerto. Parte desta liderança é a habilidade de escutar a emoção da sociedade, dos clientes, das pessoas. E a cultura adotada é o caráter da empresa.
“Vamos gostar das pessoas. Vamos dar propósito para mudar o mundo. As empresas do futuro amarão seu pessoal. Elas realmente vão se importar com seus funcionários e suas necessidades. Precisamos criar uma narrativa além do lucro, que dará espaço para a inspiração existir em nossas empresas para. As empresas que começarem a assumir essas características romperão o sistema, serão as que atrairão os melhores talentos e terão impacto não só no balanço, mas potencial para mudar o mundo”, argumentou.