
A marca Porsche é, sem dúvida, uma das mais admiradas e desejadas do mundo. Quem não quer um 911 Carrera na garagem? Esse prestígio é refletido em números: 40 bilhões de euros de receita no ano passado, com lucro operacional de 5,6 bilhões; a montadora mais lucrativa do mundo. Mas nem sempre foi assim, como mostrou o CEO da Porsche Consulting no Brasil, Rüdiger Leutz, em sua palestra no último dia da Expogestão 2025: “Na virada dos anos 80 para os 90 a empresa estava quebrada, quase falida, com perdas superiores a 120 milhões de euros. Como a crise é parte da nossa jornada, fizemos uma guinada radical e demos a volta por cima”. Como? “O presidente na época, Wendelin Wiedeking, chamou um consultor japonês, que revolucionou a linha de montagem, antes semelhante a um depósito. Foram implantados novos métodos, a equipe foi treinada e motivada e a Porsche voltou aos dias de glória.”
Há 12 anos no cargo de CEO, supervisionando o crescimento e o desenvolvimento no mercado latino-americano, com equipes no Brasil e no Chile, Rüdiger Leutz compartilhou com o público da Expogestão sua experiência de mais de 25 anos em consultoria estratégica em diversos mercados. “Com a reestruturação – prossegue – a empresa levou apenas dois anos do prejuízo ao lucro.” Dois anos, por sinal, é o prazo adotado pela Porsche para que um projeto ou plano de investimento se pague.
Um dos pilares adotados pela Porsche é o investimento em capital humano: “As pessoas sempre serão a base, por mais automatizada que seja uma linha. A política da empresa é qualificar pessoas, motivá-las e mostrar resultados”, reforça o executivo. Um desses resultados: há trinta anos um modelo 911 Carrera levava 100 horas na linha de montagem; hoje, esse tempo é de 22 a 23 horas.
Crescer sem crescer
Desde que começou esse processo de reconstrução, a Porsche adotou o mantra “crescer sem crescer”. Ou seja: melhorar os resultados, sem precisar adicionar custos aos projetos e sem a necessidade de contratação de pessoal ou novas plantas. Novos modelos seriam fabricados na mesma linha, sendo customizados durante a montagem.
Foi assim que a empresa encarou o desafio da mobilidade elétrica, desenvolvendo o modelo Taycan na mesma linha dos demais carros. “Desenvolvemos – lembra Leutz – abordagens de fabricação e de mercado totalmente novas. Criamos a smart factoring, uma fábrica inteligente, limpa e verde, com impacto ambiental zero. E o principal: financeiramente viável.”
Uma última lição: “As estratégias bem-sucedidas são centradas nas pessoas, sejam funcionários, fornecedores, clientes, acionistas ou a sociedade”.