Sistema home office muda relação de trabalho nas empresas
A pandemia da Covid-19 fez com que as relações de trabalho mudassem completamente. O ambiente do trabalho mudou. A casa virou escritório, a rotina doméstica teve que ser reorganizada e o cumprimento de horário foi medido pela entrega do trabalho demandado.
Essa quebra de rotina foi bem recebida na avaliação de alguns gestores. E a tendência, já executada em algumas companhias, é a adoção de um sistema de trabalho híbrido do setor administrativo e comercial, tendo o equilíbrio dos processos como a melhor ferramenta de gestão para manter a produção ativa e a flexibilização vigorando.
Durante o painel “Gestão de Pessoas: a continuidade do home office”, os líderes empresariais Carlênio Castelo Branco, da Senior Sistemas; Cássio José Schreiner, do Porto Itapoá e Guilherme Almeida, da Nidec Global Appliance, mediados pelo sócio da Renaissance Executive Forum, Célio Valcania, apresentaram aos participantes da ExpoGestao 2021 suas impressões sobre os efeitos do trabalho remoto e as tendências.
Nesta nova realidade apresentada pela pandemia, os três empresários convidados no painel destacaram que não houve dificuldades de fazer os colaboradores administrativos aderirem ao home office.
A maioria entendeu a necessidade de mudança, por ser uma questão de saúde, e se adaptou às novas formas de comunicação à distância. “Como somos uma empresa global já utilizávamos as ferramentas para o trabalho remoto. Por isso estávamos preparados com essa nova realidade. E essa experiência foi positiva. Tivemos aumento de produtividade e mantivemos o nível de engajamento e comunicação ativos”, exemplificou Guilherme Almeida.
Essa nova realidade também aumentou a demanda por serviços digitais e tecnológicos. A disputa de mão de obra qualificada foi bem forte. O CEO da Senior Sistemas, revelou que para contratar profissionais na área de Tecnologia de Informação (TI) ficou mais fácil, porque contrata pessoas de fora.
Porém, ele avalia que o mercado ficou bem competitivo devido ao fato de muitas empresas estarem buscando novos colaboradores. “O desafio é reter a mão-de-obra, porque a concorrência aumentou. E com a pandemia, as empresas aceleraram as inovações tecnológicas e aumentaram a demanda por profissionais deste mercado. É um momento para a gente formar mais profissionais”, analisou Carlêncio Castelo Branco.
A respeito do engajamento na cultura e valores das empresas, que é bem mais fácil de ser projetada e incorporada quando os funcionários estão presencialmente no trabalho, os participantes do painel revelaram que esse processo é um desafio.
“O que vem acontecendo mais recentemente, e com as pessoas vacinadas, é construir um modelo que preserve esses valores e tenta acomodar os interesses pessoais e profissionais, com a flexibilização de horário, maior prioridade com as entrega dos resultados do que só cumprir horário”, disse Cássio José Schreiner.
O gestor da Nidec comentou que quando a Embraco foi adquirida por esse grupo japonês, em 2019, foi incorporada uma nova cultura organizacional que teve que ser adaptada com a pandemia.
O gerenciamento da produtividade também teve que ser monitorado de outra forma. Mas sem pressão. A Nidec conseguiu manter interface com toda as áreas, com suporte da equipe do Recursos Humanos e gestores.
“Quando foi iniciado o home office decidimos revisar a cultura desde o início para ser efetiva virtualmente, fazendo reuniões com as lideranças e trazendo a questão mais humana. Foi desafiador revisar a cultura, mas tivemos sucesso”, destacou Guilherme Almeida.
O CEO da Senior Sistemas disse que a relação de trabalho à distância ou não tem que se basear na confiança, economia e flexibilidade. “É o novo desafio a ser adaptado. Acho que esse modelo (home office) melhorou a relação de trabalho. Essa nova geração quer um líder que priorize a flexibilização e não do controle”, analisou Carlênio Castelo Branco.
Sobre os desafios deste novo modelo de gestão, o CEO do Porto Itapoá avaliou que a legislação trabalhista tem que se atualizar nestas novas tendências de flexibilizações de horários, ganhos por produtividade, porque as empresas já estão na frente, adotando regras que atendam de forma mais equilibrada os processos de trabalho.
“As organizações estão utilizando modelos que atendam os interesses diversos. Seja remoto, presencial ou híbrido, conforme a necessidade e perfil. Nós estabelecemos que as reuniões de estratégia sejam realizadas presencialmente. Mas adotamos o sistema híbrido, dando mais liberdade para ajustar os horários. Mas a prioridade é com a entregas dos trabalhos, sem ser fiscalizador, porque é ruim”, disse Cássio Schreiner.
Os três gestores participantes do painel disseram que o sistema híbrido tem a tendência de predominar nos setores administrativos das companhias e que as empresas estão mais atentas à qualidade de vida do colaborador, com flexibilidade dos processos, tendo a confiança de que terão a produtividade esperada.