Transformação Digital deve servir à estratégia da empresa
Quais são os desafios da Transformação Digital e como ela pode contribuir para a evolução dos negócios da empresa? Estas questões foram a base da troca de ideias realizada no Seminário Executivo de Transformação Digital, um dos eventos paralelos da ExpoGestão 2022, que reuniu executivos C-level de tecnologia e quatro especialistas: Eduardo Hruschka (Consultor de Ciência de Dados e Professor da USP); Luciano Hoeltz (Sócio-diretor e líder de consultoria da KPMG para a região Sul); Aspen Andersen (Vice-presidente de Tecnologia na Vibra Energia) e Ricardo Emmerich (Presidente da HPE).
Equalizar as definições sobre Transformação Digital foi o primeiro aspecto abordado pelos participantes. “A visão da Transformação Digital é deixar a companhia pronta para o futuro”, afirmou Aspen Andersen, com base em conceito estabelecido pelo MIT. Para Eduardo Hruschka, Transformação Digital envolve dois aspectos: pessoas e dados. “Essa questão está diretamente ligada a como alavancar mais valor, oportunidade de crescimento, melhoria de resultados e de experiência para a empresa usando tecnologia”, afirmou Luciano Hoeltz. Já Ricardo Emmerich, citando uma percepção de grandes pensadores de Harvard e do MIT, fez uma provocação, dizendo que “não existe mais uma empresa que não seja de tecnologia”.
Segundo Hruschka, estudos recentes mostram que aproximadamente 90% das empresas falham na transformação digital por várias razões, uma delas é porque é difícil de fazer. A mudança de processos e de cultura são as questões que mais impactam. Hruschka também destaca que Transformação Digital tem uma ligação íntima com inovação, e para inovar é preciso mudar a empresa. “Na região de Joinville temos uma cultura arraigada com base na indústria de manufatura, onde o que prevalece é erro zero, kaizen, engenharia de processos, lean. Tudo isso leva a errar o menos possível, o que significa tomar menos risco e é totalmente antagônico a inovar”, alerta Hoeltz.
Tanto Emmerich quanto Hruschka enfatizaram que não existe transformação digital sem dados. “Alguns clientes estão fazendo otimização digital: utilizando a tecnologia para ter ganhos de produtividade, eficiência, redução de custos. Transformação é quando está mudando uma regra de negócios”, diferenciou Emmerich.
Outra questão que permeou o debate foi a importância da TI estar próxima das áreas de negócio. Andersen destacou que o primeiro ponto para a Transformação Digital é ter o olhar muito claro da estratégia. “Nossa primeira discussão foi para onde queremos ir, qual é a estratégia da empresa, no que queremos nos transformar”. Hoeltz também reforçou este aspecto: “Quais são as alavancas de valor da empresa e o quanto estão ancoradas em tecnologia? Esta tecnologia está olhando no retrovisor ou no para-brisa?”.
Os especialistas também destacaram o papel das áreas de tecnologia na Transformação Digital. Hoelz afirma: “sempre escuto falas de CEOS que precisam que a TI seja mais estratégica. Esta área não pode ser voltada apenas para custos. Às vezes a empresa não dá espaço, mas é preciso construir narrativas com exemplos e projetos de sucesso. Contra resultados não há argumentos”. Emmerich complementa: “a área tem que ser proativa. Começar a ver como pode fazer um papel mais relevante na Transformação Digital.”