Empresas não sobrevivem se não estiverem constantemente mudando, se adaptando. “Com a transformação digital, porém, a própria mudança mudou, alterando a dinâmica das propostas de valor. Afinal, embora a revolução digital seja causada por tecnologia, seus resultados dependem de pessoas e novos modelos mentais”. A afirmação é da especialista Thammy Marcato, líder de projetos focados em resolução de problemas e transformação de empresas da KPMG & Distrito Leap. Graduada em Relações Internacionais e em Gestão de Políticas Públicas, Thammy foi uma das palestrantes no primeiro dia da Expogestão 2020.
A maioria das empresas hoje, diz a palestrante, vem adotando uma estratégia digital ou planeja fazê-lo. “Porém, somente 44 por cento delas estão preparadas para a mudança, e só 7 por cento conseguem implementar totalmente essas estratégias.” E mais: 70 por cento das iniciativas de inovação digital falham. “Geralmente – esclarece Thammy – devido à resistência por parte dos funcionários das empresas.” Externamente também há rejeição, quando as inovações mais atrapalham do que ajudam o consumidor dos produtos ou serviços oferecidos – como é o caso dos chatbots, em que o atendimento automatizado esbarra na incapacidade de os robôs entenderem os mínimos sentimentos humanos.
Nova visão de mundo
A alfabetização digital, acrescenta a palestrante, exige aprendizado contínuo, para acompanhar as mudanças constantes. “Para saber operar o mindset digital, é necessário mudar a forma de: executar, gerenciar e ver o mundo.”
Na execução é importante distinguir as várias nuances entre projeto e produto, pois em cada uma dessas etapas há visões diferentes de equipe, de metas e de execução.
O gerenciamento baseia-se em cinco pilares: segurança psicológica (liberdade para assumir riscos), confiança (cumprir metas com excelência), visão clara (cada um entender o seu papel no processo), propósito (o trabalho tem uma importância pessoal para cada membro do time) e impacto (os membros da equipe entendem que seu trabalho importa e gera mudanças significativas).
Para mudar a forma de ver o mundo, Thammy Marcato cita os “vieses cognitivos”, destacando cinco que provocam mais impacto no mundo corporativo: viés do otimismo, viés da retrospectiva, a heurística de disponibilidade (tendência a estimar a probabilidade de um evento ocorrer, com base em exemplos de eventos já ocorridos), viés de confirmação e a ancoragem (tendência a tomar decisões levando em conta somente a primeira informação que se obteve sobre o assunto).
“A inovação digital – conclui a palestrante – exige execução e aprendizado”. Ela cita George Westerman, pesquisador do MIT – Instituto de Tecnologia de Massassuchets, que define uma boa analogia para se entender o tema: “Quando a transformação digital é bem sucedida, a organização passa de uma lagarta a uma borboleta. Quando ela é mal sucedida, conseguimos apenas uma lagarta rápida”.