A continuação do ciclo da vida
O modelo de desenvolvimento atual leva em conta fatores como custo, tempo, produtividade, proteção e visual. Tudo isso impacta o mundo
“Do início ao início.” Esse slogan ilustra bem o trabalho de Guilherme Brammer à frente da Boomera, empresa criada por ele para tornar o mundo mais sustentável. “Economia circular – de responsabilidade corporativa a estratégia de negócios” foi o título da palestra proferida por Brammer no segundo dia da Expogestão 2020 Digital. “Economia circular nada mais é do que a continuação do ciclo de vida”, resume o palestrante.
Formado em Engenharia de Materiais, Guilherme Brammer atuou em importantes empresas do setor de matéria-prima para a indústria, até que fundou a Boomera, empresa reconhecida como uma das cinco startups que estão tornando o continente americano mais sustentável. A companhia ajuda grandes empresas a transformar sua forma de produção em um modelo mais sustentável. Em 2019, Guilherme Brammer foi selecionado como Empreendedor Social pela Folha de S. Paulo e, em 2016, pela revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Também foi escolhido como Profissional do Ano 2016 pela Embanews. É formado em Engenharia de Materiais pelo Mackenzie, tem MBA em Marketing pela USP e especialização em Negócios Sustentáveis pela FGV.
Brammer traçou paralelos entre a economia linear e a circular. A “pegada” que deixamos na Terra é um ponto de partida: em 75 anos de vida, entre outras coisas um ser humano consome 13 mil ovos, 5.600 cervejas, 15 porcos, 9 mil litros de leite, 5.700 maçãs, quatro bois; lê 533 livros; toma 7 mil banhos; e produz 40 toneladas de lixo. “Na economia linear – explica Brammer – o ciclo de vida é curto. Peguemos o exemplo do petróleo e seus derivados. Enquanto a natureza leva milhões de anos para formá-lo, a transformação em matérias-primas leva meses, a fabricação dura alguns dias, a distribuição leva horas ou até minutos e o fim da vida toma algumas centenas de milhares de anos.”
O ser humano criou o desperdício
Muito desta curta duração se deve ao desperdício, uma criação do ser humano. A economia linear reflete bem essa condição: há muita geração de lixo; valoriza-se exageradamente o valor embutido (de um celular, por exemplo, pouco se aproveita quando ele “morre”); a vida útil é cada vez mais curta (quanto dura uma lâmpada?); há ociosidade (quantas vezes você usou aquela furadeira, desde que a adquiriu?).
“O modelo de desenvolvimento atual – detalha Brammer – leva em conta fatores como custo, tempo, produtividade, proteção e visual. Tudo isso impacta o mundo. Bilhões de produtos são descartados.” Aí entra a economia circular, com seus cinco modelos de negócios potenciais: supply chain circular (a cadeia de suprimentos, processo que envolve todas as operações de uma empresa, da compra da matéria-prima até a fabricação e entrega); recuperação e reciclagem; extensão da vida útil; plataforma de troca; produto como um serviço (exemplo: o aluguel de bens como filtro de água e turbina de avião).
Finalizando: “Tudo é uma questão de mudança de mindset (forma de ver o mundo). Apaixone-se pelo problema, não pela solução, pois amanhã ela já pode não ser mais uma solução”.